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Walter Franco – Revolver (1975)

Walter Franco – Revolver (1975)

Introdução ao cantor Walter Franco

Walter Franco é infelizmente um artista brasileiro pouco lembrado, talvez por isso tenha recebido o esteriótipo de maldito da música popular brasileira.  O disco a ser analisado – Revolver de 1975 – é pautado na questão lírica, um tipo de composição totalmente contrária ao que estamos acostumados a ouvir. Digo isso no sentido de que sempre estamos acostumados a ouvir certos tipos de sons que tenham melodias  doces, letras bem nítidas e que não tenham tantos elementos complexos e de difícil compreensão, no qual surge o espanto e a não compreensão dos elementos expressados pelo artista.

A música popular brasileira é somente ligada a grandes nomes como: Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa. Muitas vezes as pessoas se esquecem de pesquisar ou procurar saber sobre outros artistas que colaboraram de alguma forma na projeção desse movimento da arte brasileira. Walter Franco se diferencia de muitos artistas pois ele nunca esteve envolvido com nenhum movimento artístico. Walter sempre se manteve na vanguarda com suas letras bem reflexivas, muito envolventes e muitas vezes hipnóticas.

Por que escolhi disco Revolver? Certo dia estava fazendo minhas pesquisas musicais e me deparei com a capa de um disco diferente (estranho aos meus olhos), de um artista brasileiro e com um nome que me remetia aos Beatles: Revolver. Logo fui saber do que se tratava aquele disco e recebi “uma pancada de mão cheia”. Trata-se de um disco viciante, cheio de letras bem feitas e que mostra a postura firme de um artista como um músico alternativo, em uma época de muita popularidade da MPB. Procurei me atentar em apenas comentar sobre o disco e não sobre a carreira em si do artista.

O foco desta matéria será exclusivamente o disco, com objetivo de fazer com que você leitor se sinta curioso em relação a carreira de Walter Franco e que busque maiores informações sobre este grande artista.

Revolver (1975)

Esse disco é recheado de melodias interessantes e que nos mostra o quanto ele esteve bem a frente de seu tempo. Começando pela faixa que abre o disco “Feito Gente” que já inicia o long play com uma “pedrada na cara do ouvinte”, com a letra “feito gente/feito fase/ eu te amei como eu pude” com uma voz carregada e que nos remete a pensar que o cantor esteja embriagado. Isso com um acompanhamento musical bem cadenciado, no ritmo de suas palavras meio moles e cadenciadas demonstra a interpretação de Walter, elementos que nos chama mais atenção nesse disco. Vale muito se atentar a qualidade sonora deste disco, com uma bateria bem ao fundo (se você ouvir de fone, perceberá melhor) que remete as gravações dos Beatles. Temos um piano que atua constantemente em todo o disco e que traz uma personalidade característica no álbum.

Outra canção que podemos destacar é o haicai “Eternamente” na qual Walter Franco brinca com as palavras e muda completamente seus significados a todo instante: Eternamente/ É ter na mente / Éter na mente / Eterna mente. Uma das características bem marcantes deste disco é o fato de Walter envolver os ouvinte, se você ouvir atentamente perceberá muitas falas que sincronizam com  a canção. “Eternamente” é uma brincadeira interessante e eu, Flávio Oliveira, cheguei a conclusão de que o cantor brinca com os sentidos das palavras, sobretudo com o ouvinte – se você ouvir esse disco de olhos fechados perceberá que é uma viagem.

Em 1975 Walter optou por não seguir linhas melódicas, artifício que vários artistas usavam na época assim como a mistura de guitarra elétrica e linha melódica, peculiaridade dos Mutantes no período. Fugindo da onda do momento e da padronização da música, ele procurou trazer vários elementos musicais para o disco Revolver de forma bem criativa e criando uma mistura interessante. Outra músico que destaco é “Partindo do Alto/ Animal Sentimental”onde percebemos novamente sua jogadas nas letras: Foi teu mestre/ Quem me ensinou / Foi meu mestre / Quem te ensinou / Foi teu mestre / Quem me ensinou.

A cada faixa que vai correndo o disco vai ficando mais interessante e instigante, se tornando um álbum viciante e que você quer ouvir a todo momento. O experimentalismo presente é,  de certa forma, de difícil compreensão para algumas pessoas, trazendo assim uma certa dúvida ou confusão na cabeça dos ouvintes.  Mas nada disso nos impede de ouvir o disco, na verdade desperta a curiosidade em que quem nunca o ouviu.

Revolver – que nada tem haver com o dos Beatles de 1966 – é a prova mais óbvia de que a música brasileira também passou por experimentalismos interessantes em um período em que vários artistas se concentravam em uma forma de compor muito peculiar, enquanto Walter Franco optava em seguir na contramão, usando a sua forma mesmo.

Eu me senti muito bem quando conheci esse disco e fiquei orgulhoso em saber que temos artistas brasileiros como Walter Franco que são da Vanguarda mas que também são alternativos. Finalizando essa matéria ressalto mais uma vez, que a proposta desta é mostrar aos seguidores/leitores do blog A História do Disco que a música brasileira, por mais que seja renegada por muitos contém infinitas qualidades, independentemente da década em que o disco tenha sido concebido.

Creio que muitos de vocês ficaram curiosos para saber mais sobre esse disco, não é?  Vou deixar a conclusão sobre o disco com vocês pessoal, espero que vocês o ouçam, e ouçam novamente e bora ser feliz o/

Faixas do Disco

 
1 – Feito Gente
2 – Eternamente
3 – Mamãe D’Água
4 – Partir do Alto / Animal Sentimental
5 – Um Pensamento
6 – Toque Frágil

7 – Nothing

8 – Arte e Manha

9 – Apesar de Tudo é Muito Leve

10 – Cachorro Babucho
11 – Bumbo do Mundo

12 – Pirâmides

13 – Cena Maravilhosa

14 – Revolver

Ouça o disco “Revolver” inteiro!

Assista uma entrevista de Walter Franco no Jô Soares em 1990.

 

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The Beatles – Revolver (1966)

The Beatles – Revolver (1966)

The Beatles- Revolver (1966)

O álbum Revolver pode ser descrito como um disco antológico e ousado dentro dos anos 60, muitas das músicas deste álbum são primordiais na carreira de uma das maiores bandas de pop rock do mundo, foi um disco onde se quebraram barreiras com efeitos, over tubes, e claro, o uso intenso de músicas invertidas.

Isso mesmo, John Lennon pirou nessa questão de músicas ao contrário, provocando efeitos de puro êxtase nos ouvintes e influenciando uma camada inflamada de jovens que deliravam com o uso excessivo de drogas alucinógenas e também influenciando vários jovens brasileiros, que é o caso de Ronnie Von, um dos expoentes da música psicodélica brasileira.

A influência Bob Dylan.

Bem, para falarmos de Revolver dos Beatles, devemos entender o porquê desse progresso intenso na vida do Fab Four. Depois da vinda dos Beatles à América, onde fizeram shows exaustivos para plateias delirantes de adolescentes “contaminados” pelaBeatlemania, os quatro rapazes de Liverpool tiveram um contato inusitado com um dos maiores compositores da música no momento, com letras questionando problemas sociais e discutindo política com os jovens, esse compositor que menciono é Bob Dylan, um marcante cantor da música Folk.

Esse contato feito com Bob Dylan deu aos rapazes uma mudança nos seus “ares” como compositores, pois, como todos nós sabemos, as músicas dos Beatles nesse momento eram marcadas por temas como: amor, namoros, relações, etc. Com esses temas um pouco limitados e temas voltados a adolescentes, os Beatles tiveram esse contato comBob e começaram a questionar as letras que até o momento eles faziam para a banda. E claro, um momento bem marcante desse encontro foi o experimento de uma droga na roda desses novos “amigos”, que foi o experimento da maconha.

 No livro de Bob, Spitz, é feito um relato bastante detalhado de como foi esse contato com maconha, Bob cita em seu livro que, nesse contato com as drogas quem foi o primeiro a experimentar foi Ringo Starr, que para os rapazes era a “cobaia” da turma. Ele experimentou e curtiu, todos ficaram muito loucos e trocaram ideias noite a dentro.

Esse contato para muitos fãs foi decisivo na carreira da banda, pois, depois desse “laço” estabelecido, veio uma imensa quantidade de composições diferenciadas dos rapazes. Esse contato, sucedeu um dos álbuns que também marcou a vida do  que é o Rubber Soul.

Em suma, esse disco teve um aspecto interessante da banda, foi o ápice das composições dos rapazes, repletos de vários baseados fumados e iniciando uma avalanche de composições e criações feita pelos Beatles.

O DISCO REVOLVER

O disco Revolver seguiu a mesma linha do álbum Rubber Soul, só que um toque mais ousado. Digo ousado pelo fato de ter várias canções que abusaram dos efeitos em estúdios na época, lembrando que, as condições dos estúdios na época eram deprimentes e a criatividade, porém, tinha certos limites. Mas esse não foi um obstáculo para a banda, que iniciou suas atividades e começou passar mais tempo em estúdio, assim reduzindo a carga de shows ao vivo. Esse disco para mim teve uma importância extrema na música pelo fato de que nos anos 60 poucas bandas utilizavam os recursos que os Beatles usavam, e isso acabou atingindo outras bandas que surgiram na época e que foram sendo influenciadas posteriormente.

Esse disco é marcado pela criatividade da banda, com canções criticando o sistema de cobrança de impostos (Taxman), falando sobre a felicidade de conhecer a maconha (Got to Get Into You My Life), a essência lírica barroca de Paul (Eleanor Rigby), claro da famosa leitura de Lennon, do livro tibetano dos mortos (Tomorrow Never Knows) e a ótima e famosíssima canção que fala de um submarino amarelo (Fruto de uma viagem de LSD de John Lennon com Harrison), certo que essa canção Yellow Submarine foi o suprassumo da criatividade dos jovens, que usaram vários instrumentos inusitados e peças de banheiros para reproduzir os sons do submarino. George Martin disse que “Gravar a canção Yellow Submarine parecia um parque de diversão com todos aqueles brinquedos e pessoas brincando, o estúdio parecia uma sala repleta de crianças tocando brinquedos”.

Portanto, foi nesse momento que o uso das drogas aflorou a criatividade dos Beatles. Esse disco é marcado pela sonoridade bem rústica, com efeitos e ousadia musical da banda e é nesse momento que aqueles rapazes que cantavam músicas ingênuas e faziam poses cantando, ficaram para trás e agora estavam com uma nova forma de cantar, de agir e de abusar dos efeitos em estúdio.

Um dado importante sobre a música Tomorrow Never Knows, que fala sobre o livro dos mortos tibetanos, foi a viagem que John Lennon nesses escritos e fechando o disco com esta canção.Essa música é marcada por efeitos psicodélicos e pela monótona nota do baixo feita por Paul McCartney. Esse disco é recheado de referência de cada um da banda, dando destaque a George Harrison, que começa a disputar com Lennon eMcCartney, fazendo do disco um dos álbuns mais bem recomendados da banda e que influenciou várias gerações.

LEGADO DE REVOLVER.

O disco que citei foi uma grande referência para grandes bandas na época a começarem a deslanchar na ousadia também. Bandas como Beach Boys, com Brian Wilson se trancando no estúdio e gravando um dos discos que marcaram os anos 60, que é o Smile, a influencia chegou também à banda inglesa Rolling Stones, que posteriormente faria um disco muito alucinado (Their Stanic Majesties Request).

 Temos também a influência dos Beatles que chegou ao Brasil, atingindo bandas como Os Mutantes, que propriamente Sérgio Dias comentou em uma entrevista que o uso dos efeitos da música Le Premier Bonheur du Jour, do disco de estreia da banda em 1968 foi inspirada totalmente nas canções dos Beatles que na época abusavam de efeitos e de uso de instrumentos inusitados nas canções.

As “viagens” do disco Revolver atingiram também “ O príncipe da jovem guarda” Ronnie Von, que produziu discos psicodélicos como  “ A máquina Voadora de 1970.

Por isso, fecho recomendando a todos, a ouvirem, reouvirem e se matar de tanto ouvirem o discoRevolver, que é o pico mais alto dos Beatles, um momento onde todos os membros estão unidos em uma única causa: criarem música independente da aceitação ou não.

Isso se tornou rotina posteriormente, com brigas internas e com o egocentrismo inflamado de cada integrante.

Revolver é um disco que todo colecionador ou um bom ouvinte de música deve ter em sua coleção, pois, é uma joia rara da música mundial.

DADOS DO DISCO.

Revolver é o sétimo álbum do grupo de rock inglês The Beatles, foi lançado em 5 de agosto de 1966, inicialmente no Reino Unido e em 8 de agosto nos EUA. Atingiu o primeiro lugar nas paradas de sucesso americana e inglesa.

Músicas:

Lado A

Taxman (Harrison)

Eleanor Rigby

I’m Only Sleeping

Love you To (Harrison)

Here, There and Everywhere

Yellow Submarine

She Said She Said

Lado B

Good Day Sunshine

And Your Bird Can Sing

For No One

Doctor Robert

I want To Tell You (Harrison)

Got to Get You Into My Life

Tomorrow Never Knows

 

Todas as músicas foram compostas por Lennon e McCartney, exceto as marcadas.

Ouça o álbum Revolver completo! 

Eu sou Flávio Oliveira e esse é o blog A História do Disco.