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John Lennon – Plastic Ono Band (1970)

John Lennon – Plastic Ono Band (1970)

Olá pessoal, tudo bem com vocês? Eu sou o Flávio Oliveira e na matéria de hoje vou falar sobre um disco conceitual, com uma carga emocional imensa e que retrata o fim de uma era e o início de um ciclo. Hoje vou dissertar sobre um grande disco solo de meu beatle favorito, o senhor John Winston Lennon, mais conhecido como John Lennon, o famoso líder da banda The Beatles.

As razões pelas quais eu escolhi esse disco são várias, basta ouvi-lo e contemplá-lo faixa por faixa para perceber umbeatle revelando seus sentimentos mais reprimidos, como por exemplo, a perca da sua mãe – Julia Lennon – seu encontro com a religião, abordagens filosóficas sobre a vida, o amor e um novo momento com sua companheira Yoko Ono.

Explicação sobre o contexto do disco

Em 1969 tivemos o disco Abbey Road que marca o fim do Beatles e a imprensa em geral não esperava por essa triste notícia sobre o fim de um dos maiores grupos do século XX. Nesta época muitas pessoas questionavam o que seria de cada integrante da banda. Muitos não aceitaram o término da banda, como Paul McCartney que lutou até o último minuto para manter a banda junta, mas como se sabe de nada adiantou o esforço. O que podemos concluir brevemente sobre o término do Beatles é que cada um dos integrantes estava com foco em seus interesses: George Harrison estava se aprofundando na cultura indiana e se tornando um convicto religioso; tínhamos Ringo Starr que ficava a mercê das decisões da banda; Paul McCartney tentando tomar conta de tudo da banda e um Lennon já muito distante do grupo pois estava farto daquelas longas horas em estúdio no qual os quatro ficavam confinados. Sendo assim, fica claro que neste período os interesses dos quatro rapazes de Liverpool eram bem diferentes. Neste mesmo ano tivemos uma surpresa com o nascimento de uma nova banda, ou melhor, um supergrupo criado por John Lennon chamado Plastic Ono Band. Essa super banda era formada por amigos próximos de Lennon, como Eric Clapton, Klaus Voorman – este foi um dos amigos que o Beatles ganhou nos anos 60 em Hamburgo, o mesmo colaborou na criação da arte do disco Revolver de 1966 – , Ringo Starr e também George Harrison.

O projeto foi algo surpreendente e teve uma apresentação relâmpago em Toronto, o show foi registrado e no mesmo temos a banda tocando clássicos dos anos 50 como Blue Suede Shoes e também novas músicas de Lennon: Could Turkey, Give a Peace Chance e uma Jam ao vivo  – na qual eu acho fantástica. Pois bem, em dezembro de 1970 é lançado o primeiro disco de John Lennon com sua nova banda.

Comentários sobre o disco

Antes mesmo de entrarmos nos comentários do disco vale a pena ressaltar que no período de criação e produção deste álbum, Lennon passava por uma transformação em sua vida. É até bonito de se ver, uma atitude tão brusca de uma pessoa instável e cheia de problemas particulares como o nosso beatle. Os motivos para eu entrar nesse mérito estão relacionados aos momentos da vida de John que o marcaram para sempre. Um deles é a perca de sua mãe, Julia Lennon. É muito triste perder um ente querido, ainda mais a mãe e John tinha motivos de sobra para lamentar a perca de sua mãe. Com seus cinco anos, John era uma criança inocente, desprovida das “coisas da vida”e teve uma infância muito instável: seus pais se separaram, viveu em dois lares diferentes e teve que lidar com os problemas de seus pais. Mas por fim deu tudo certo, e quem acabou cuidando do pequeno John foi a tia Mimi. Mas você caro leitor deve estar se perguntando: o que isso tem haver com o disco? Tudo!

Antes da gravação deste disco John Lennon passou por diversas consultas com um psicólogo que ficou muito conhecido nos anos 60 por utilizar uma nova técnica. Esse médico chamava- se Dr. Arthur Janov e o mesmo criou uma nova forma de seus pacientes expelirem seus sentimentos mais reclusos através do grito, por isso essa terapia ficou conhecida como Grito Primal (The Primal Scream).

Em uma entrevista para um jornal brasileiro, o psicólogo disse que  viu tanta tristeza em uma pessoa’ se referindo a John Lennon – no final da resenha colocarei o link da matéria citada. Em suma, Lennon passou  por uma fase na qual teria que ‘pôr pra fora’ todos seus sentimentos reprimidos, como a perca da mãe, o fim dos Beatles e seu novo amor, Yoko Ono. Todo esse contexto foi muito interessante para o disco, pois em cada faixa percebemos o sentimento expresso por nosso querido John Lennon.

A primeira faixa do disco se chama Mother, uma música extremamente triste e que mostra nosso frontman totalmente diferente em relação as canções que o consagraram nos Beatles. No trecho “Mother, you had me, butI never had you/ I wanted you, but you didin’t want me” sentimos quanta tristeza a faixa carrega. John passou a acreditar logo cedo que todas as pessoas que ele amava, sempre fugiam dele, sua mãe é um grande exemplo. Vale ressaltar que é nessa faixa que percebemos um John Lennon triste colocando pra fora tudo que aprendei no The Primal Scream.

Bom, vamos para mais uma faixa desse disco, agora vou falar sobre a música ‘Working Class Hero’, a mesma parte para um tema com questões da política e também da sociedade. Um novo Lennon estava vindo com  ideias revolucionárias e naquele período o mundo estava passando por um processo de transformações na juventude. Para Paul McCartney, John nunca foi da ‘classe trabalhadora’ como ele sempre mencionou, mas sim um rapaz de classe média. Mas isso é o que menos importa, o que é válido é a aproximação que temos com as injustiças sociais, e Lennon fez parte de um processo histórico extremamente importante, no qual seu engajamento político ao lado de sua companheira foi fundamental para as mudanças no EUA.

E para encerrar a resenha de hoje comentarei sobre uma faixa que para mim é a melhor canção do disco. A música chamada ‘God’ é  um dos questionamentos mais filosóficos e mais interessantes que John Lennon levanta nesse disco. Como se sabe, os Beatles em um determinado momento na carreira passaram por uma mudança em seus comportamentos, no qual a religião passaria à influenciar todos na banda. A única pessoa que continuou seguindo o Hare Krishna e a cultura indiana foi George Harrison, o restante da banda não conseguiu dar continuidade no processo espiritual, e por isso Lennon faz um questionamento sobre o misticismo, a vida e a religião. Posso afirmar que essa é uma das músicas mais profundas que eu já ouvi, pois como na letra diz: ‘Deus é um conceito/Pelo qual medimos nossa dor’. Se realmente formos analisar, a religião ganha essa concepção na vida de cada um, ou seja, a fé está atrelada a alguma questão em cada e para Lennon todas as questões de religiosidade estão sendo expostas nesta canção. Como ele mesmo afirma na canção, ele não acredita em nada como as pessoas acreditam: Jesus, bíblia, Kennedy e outras formas de medir sua fé.

O que bem evidente é que ele não acredita em nada, apenas nele mesmo e que somos capazes de termos amo próprio! Quer algo mais profundo que isso? Nessa música também fica evidente o adeus aos Beatles, como ele afirma em um trecho: ‘I don’t believe in Beatles/ I just believe in me’. Eu acho isso um máximo e é uma letra  que mostra  como a juventude naquela época estava disposta a mudar o mundo!

Enfim, deixo aqui um disco delicioso de se ouvir, e afirmo: é muito raro encontrar algum artista que faça um disco de estreia tão bom quanto esse de Lennon. Abraço pessoal, e se deliciem com essa obra prima que é o Plastic Ono Band.

Faixas do Disco

1 – Mother

2 – Hold On

3 – I Found Out

4 – Working Class Hero
5 – Isolation

6 – Remember

7 – Love

8 – Well Well Well

9 – Look At Me

10 – God

11 – My Mummy’s Dead

12 –  Power To The People

13 – Do The Oz

Ouça o disco Ono Plastic Band completo.

Confira matéria sobre o psicólogo de John Lennon.

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Paul Mccartney – I (1970)

Paul Mccartney – I (1970)

Olá pessoal, como vocês estão? Já faz um tempo que não escrevo nada por aqui, isso tudo devido ao tempo (infelizmente isso), na qual somos condicionados em submeter-se em fazer várias atividades e por conta disso, não temos tempo de fazermos o que realmente amamos. Por isso, aproveitando esse tempo favorável que vêm de encontro comigo, procurei voltar a escrever no Blog – até porque amo escrever sobre música e futuramente procurarei me especializar mais nela –, por isso voltando à tona a escrever vamos meter o pé e discorrer sobre um maravilhoso disco que é: PAUL MCCARTNEY – conhecido como MCCARTNEY I.

Contextualizando um pouco!

Antes de entrarmos no mérito desse primeiro disco solo do Paul, precisamos fazer uma contextualização básica, para assim nos situarmos de tudo que estava ocorrendo nessa época. Em 1969 os Beatles estavam declaradamente ‘separados’, isso tudo em decorrência de uma grande divergência que ocorria na banda: de um lado, tínhamos um John Lennon apaixonado e vivendo feliz os prazeres do amor (com a querida Yoko Ono), George Harrison se aprofundando cada vez mais nas questões espirituais e compondo freneticamente sobre espiritualidade e paz interior, temos também um Ringo Starr calmo, sereno e que coitado, as ‘broncas’ da banda sempre sobravam para ele, e por fim, temos um Paul McCartney à todo vapor querendo compor, produzir e gravar discos.

Juntando tudo isso, temos as divergências dos Beatles e assim consecutivamente, temos o desfecho de uma das maiores bandas que o mundo já conheceu. A última apresentação do Fab Four ocorreria nos telhados do Abbey Road, no dia 30 de janeiro de 1969. O desfecho da banda traria um choque imenso na vida do Paul, sendo que, depois da morte do empresário dos Beatles – Brian Epstein – Paul tomaria a frente de muitas coisas da banda (ele queria botar ordem na banda), ocasionando um conflito grande com o restante do grupo. Não podemos deixar de mencionar que, mesmo após a morte de Brian, Paul produziu e teve ideias geniais dentro dos Beatles, das quais podemos citar aqui como exemplos: a ideia central do disco Magical Mistery Tour, a ideia do disco Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band e o ‘fiasco’ em gravar como era o processo de criação dos Beatles, com o filme Let it Be. Sendo assim, dentro desses apontamentos que fiz, podemos sacar como o clima estava dentro do grupo e as desavenças que estavam acontecendo.

Em suma, depois da separação da banda, Paul viveu um período de reclusão em sua fazenda na Escócia juntamente com sua esposa Linda McCartney (foi esposa de Paulo de 1969 a 1998), deprimido por ter acabado a banda e sendo assim, ficou pessimista quanto a sua carreira. Mas é aí que a história muda completamente!

Produção do Disco e Paul Instrumentista

Depois dessa ‘maré brava’ levando Paul a beber várias doses de whisky e passando muito tempo solitário em sua fazenda, eis que Paul é motivado por sua esposa a produzir um disco em seu estúdio particular. Sendo assim, temos o início de um dos discos mais virtuoses de Paul.

É interessante ressaltar que este disco foi gravado inteiramente pelo próprio Paul – sim ele toca tudo mesmo, as guitarras, a bateria, os pianos, órgãos e toda a estrutura instrumental que compõem esse disco – e os vocais são feitos por sua esposa e ele. Nesse álbum, temos um apanhado de várias canções que o Paul compôs enquanto estava nos Beatles, canções como Junk e Teddy Boy, e temos também canções que foram feitas antes mesmo da banda fazer sucesso – na qual ele tinha recém entrado na banda de Lennon, The Quarrymen – a música que estou falando é Hot as Sun/Glasses, que segundo o próprio Paul foi composta em 1959.

Esse disco além de ter uma capa muito bem feita pela sua esposa, tem canções recheadas de musicalidade e excesso de criatividade, como o próprio Paul disse em várias entrevistas. McCartney I é um disco interessante pois ele é estruturado com várias músicas instrumentais, sendo assim, um disco completamente cheio de “JAMS DE UM HOMEM SÓ“. Não podemos deixar de comentar sobre a música mais linda do disco, e que possivelmente um dos maiores clássicos do Paul, que é Maybe I’m Amazed. Percebam amigos que nessa canção podemos reconhecer os mesmos timbres do último disco dos Beatles – Abbey Road – que a sonoridade dos instrumentos lembra muito Here Comes the Sun e You Never Give Your Money – bem bacana isso, quem puder comparar, manda bala!

Resumindo tudo isso – escrever sobre assuntos que envolvem os Beatles é a coisa mais gostosa do mundo para mim, por isso preciso impor limites, senão me empolgo –  esse é um disco que todos deveriam ouvir e não dar bola para o que os críticos tenham a dizer, acredito que devemos valorizar o trabalho do artista, dando apoio, admirando sua obra e incentivando o músico a crescer na carreira. Digo isso porque esse disco foi massacrado pela crítica na época, pois foi considerado “muito caseiro” aos padrões do mercado fonográfico. Ok, mas qual o problema em relação a isso? Na minha opinião quanto mais caseiro e cru, mais interessante fica o disco, por isso resolvi comentar brevemente sobre ele. É um disco que você escuta do começo ao fim, os dois lados (no caso do LP) ou continuamente (se tiver ouvindo em CD) e você nem vai perceber se parece ou não algo “muito caseiro”, pois a qualidade sonora de Paul é tão extrema que o disco chega a ser hipnótico. Digo isso por experiência própria, pois quando ouvi pela primeira vez, fiquei impressionado como Paul toca bem bateria e outros instrumentos.

Capa do Disco feita pela ex-esposa de Paul, Linda Mccartney

Pois bem, fica aqui a dica de um disco gostoso de se ouvir em qualquer dia, em qualquer momento e vale a pena também conhecer um pouco da carreira solo de um dos integrantes dos Beatles.

Valeu galera, se deliciem com o disco.  Até mais!

Faixas do Disco

1 –   The Lovely Linda

2 –   That Would Be Something

3 –   Valentine Day  – Instrumental

4 –   Every Night

5 –   Hot as Sun/Glasses

6 –   Junk

  • Originalmente escrita em 1968 durante a viagem dos Beatles à Índia
  1. -Man We Was Lonely

8 –   Oo You

9 –   Momma Miss America

10 – Teddy Boy

  • Originalmente escrita em 1968 durante a viagem dos Beatles à Índia

11 –  Singalong Junk

12 –  Maybe I’m Amazed

13 –  Kreen-Akrore

Obs.: Todas as canções foram compostas por Paul McCartney.

Ouça o disco Paul Mccartney – I completo!

Ouça a faixa destaque do disco, Maybe I ‘m Amazed.

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Tim Maia – 1970

Tim Maia – 1970

Eis que surge a inspiração para comentar o primeiro disco de um dos melhores artistas brasileiros, não é demagogia galera, Tim Maia ainda é uma grande referência para vários músicos experientes e para os iniciantes também!

Quem nunca ouviu as músicas do “gordinho” mais querido do Brasil? Músicas como, Azul da cor do mar, Chocolate, Primavera e Me dê motivo? São músicas desse gênero que incorporam multidões e que ainda permanecem nos ouvidos dos mais velhos (Minha mãe curte Tim pra caramba!) e dessa leva de jovens (que me enquadro também) que conhecem e curtem cada vez mais esse cara, que simplesmente tocou o coração de todos, com suas histórias loucas, suas músicas inspiradoras trazendo um novo estilo e um jeito diferente de se tocar no Brasil.

Portanto, tenho inúmeros motivos para trazer a vocês que acompanham o Blog “A História do Disco” a trajetória desse artista brasileiro, aquele cara que reclamava de tudo “MAIS GRAVE, MAIS AGUDO, MAIS TUDO!” (Como propriamente Nelson Motta comenta em seu livro sobre Tim).

Breve comentário sobre Sebastião ou Tião Marmiteiro.

Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, é lá em que Tim viveu sua infância, onde aprendera as suas primeiras tarefas musicais e lá que conheceu seus amigos que posteriormente se tornariam grandes ícones da música popular brasileira, amigos como: Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Jorge Ben Jor.

Sebastião Rodrigues Maia, um sujeito de personalidade forte, cara briguento, são essas as características que compõe o nosso saudoso Tim Maia, que na sua infância ajudava seus pais na pensão que mantinham que posteriormente virou uma casa onde se produzia marmitas. Adivinha quem era o encarregado de levar as comidas nas regiões? Tião! Sim, Tião como era conhecido, levava as marmitas para os clientes de seu pai, que de quebra era um excelente cozinheiro e que tinha uma fama muito boa na Tijuca. É dentro desse contexto que Tião ganha a sua fama de “Tião Marmiteiro” apelidado carinhosamente pelos seus amigos.

Tim era encarregado de levar as comidas para as famílias que acionavam seu pai e há muitas histórias de Sebastião onde no caminho comia uma coxinha, um pouco do arroz e saboreava um pouco da sobremesa, que tarefa complicada para esse nosso amigo!

Pois é, Sebastião foi crescendo e o interesse pela música começou a florescer em sua vida. O primeiro gênero musical a compor a sua vida foi o rock n roll, em meados dos anos 50 começava a surgir os primeiros hits do rock no Brasil, a rádio era um meio de comunicação muito utilizado na época e foi mergulhado nisso que Tim começou a gostar de música.

Na adolescência ganha seu primeiro instrumento, dado por seu irmão, um cara religioso e que tinha um grande afeto por Tim, presenteou com um violão que foi a alegria do menino, só que como Sebastião era um menino atrevido e nervoso, certo dia ficou tão nervoso com um de seus amigos, que em um dos ensaios acabou estourando o violão no chão (Eis a atenção, pois, começa aí a fúria de Tim!). Tendo contato com Erasmo, Tim Maia forma seu primeiro grupo de rock, Os Sputniks, esse nome escolhido por Tim, justamente nessa época a União Soviética enviara para o espaço as primeiras aeronaves espaciais, os sputniks é claro, Tim também era um cara muito fissurado por OVINI’S. A primeira banda era formada por Tim Maia, Erasmo Carlos e por nada mais nada menos que Roberto Carlos.

Um ensaio aqui, outro ensaio ali, foram saindo os primeiros sons de rock n roll entre amigos, e nesse clima eufórico, Os Sputniks conseguiram fazer um pequeno concerto em uma quermesse da igreja localizada no bairro onde os meninos moravam, igreja na qual Tim Maia fez parte do coral, cantando várias músicas e ganhando apoio dos padres. Só que nessa vida nada é um  mar de rosas, a banda acabou tendo um desfecho depois de consecutivas brigas entre Tim Maia e Roberto Carlos, brigas essas que eram marcadas por Tim falando “Você é um bosta cara, canta porra nenhuma, é um merda, eu canto melhor que você, seu bosta!”, é no meio desse clima tenso que a banda se desfez.

Roberto Carlos segue sua vida e Tim também, esse menino resolve então ir para os EUA, queria por que queria ir viajar para América. Contra a vontade de seus pais, Tim consegue ajuda dos padres e por teimosia viaja para a terra do Tio Sam lembrando que é nesses ares estadunidenses que Tim vai concluir seu estilo Funkeado com pitadas de Soul Music. Vive por 5 anos nos EUA, chega de supetão, sem avisar e fica instalado na casa da família dos conhecidos de seu pai.

Nesses 5 anos vividos nos EUA, morou em mais de 10 lugares nos diversos becos mais esquisitos dos ianques. Foi lá que Tim aprendera a ouvir a Motown Records, uma gravadora de som de peso, com ícones da música negra, ambiente esse que Tim se apaixonou e virou adepto aos estilos crescentes em território americano, enquanto isso, no Brasil, rolava o som da Bossa Nova, aquele som de boa, relax, numa tranquila e numa boa, que posteriormente iria ser um baque para todos quando Tim voltasse de lá e mais, foi lá que Tim aprendeu a usar os famosos Bauretes, isso mesmo, aquele baseado nervoso que ele fumava muito. Por fim, Tim, passou 5 anos nos EUA, aprendeu Soul, Funk e tudo que há de bom da Black Music, aprendeu a fumar maconha, chapar o globo e claro, foi preso por porte ilegal de drogas e foi deportado para o Brasil. É agora que o clima esquenta!

Tim de volta ao Brasil!

Pois é, Tião voltou para o Brasil em meados dos anos 60, não sabia nada do que se tinha ocorrido em seu país, muita coisa mudou depois de sua viagem ex-colegas de banda ficaram famosos.

Se tem uma coisa nesse mundo que deixou nosso querido Sebastião puto, foi em saber que seu amigo de juventude, Roberto Carlos estava famoso. Sabendo disso tudo, ele quis  de qualquer maneira mostrar para Roberto que ele poderia ser melhor que ele, e pôde! Da sua boca saia “Como pode, aquele filho da puta do Roberto ficar famoso e eu não? Eu canto muito mais que aquele filho da puta, eu vou matar ele”. É caro leitor, ele quis mesmo encontrar Roberto e matá-lo. As primeiras tentativas foram frustradas, mas foi tentando até conseguir os primeiros contatos. Consegue falar com Roberto, que despreza o nosso amigo Sebastião e recusa aceitar um trabalho dele, pois, nosso amigo estava na pior, sem um puto, sem nada. Mas posteriormente Robertão iria ajudar e muito nosso amigo.

Com a ajuda de alguns amigos, Tim fica hospedado na casa de seu amigo Fábio Stella, um cantor famoso paraguaio da época, foi esse cara que ajudou muito Tim Maia. É nesse momento em que Tim começa a compor os clássicos que fariam parte desse primeiro disco. Destaque para Azul da Cor do Mar, que todo mundo acha que é uma música triste e realmente é, essa música foi escrita em um momento difícil na vida do nosso camarada, época onde todo mundo estava se dando bem e ele ferrado. Seu amigo Fábio saia com todas as mulheres e ele, solitário. Foi nesse clima de “entra e sai” de seu amigo Fábio que Tim escreve esse clássico. Nesse período saíram várias canções boas, como a These are The Song, que futuramente iria inspirar Elis Regina a gravá-la acompanhada por Tim. (Um dueto de tirar o fôlego).

É em meio a esse clima que Tim consegue alguns bicos nas rádios da época onde ele cantava músicas, e foi lá que Tim conheceu a banda Os Mutantes (amigos logo de cara, e vários baseados queimados juntos!), essa banda que já tinha contrato com a Polydor, recomenda Tim para a gravadora, que o contrata.

Com suas músicas prontas, Tim despertara interesse de várias pessoas que eram do ramo musical, como no caso do produtor musical Nelson Motta (Que inclusive, se tornou um grande amigo pela vida toda, e que escreveu uma biografia e tanto sobre Tim Maia). Nelson chegou com uma música de Tim no estúdio, Primavera, e todos ficaram loucos e apoiaram esse novo artista que chegava no pedaço. É aí que Tim grava um dueto com Elis Regina cantando a música mencionada acima, These are the Song.

O primeiro disco do Tim saiu em 1970, seu disco de estreia arrebentou o público que adorou logo de cara, fato muito raro na música, um artista ser adorado logo de cara e ter uma aceitação imediata. Esse disco é importante na música brasileira, pois, essa obra contém estilos variados de ritmos, desde o funk com baião (Coroné Antonio Bento) até as baladas românticas (Que Tim chamava de Mela Cueca e Esquenta Suvaco).

Anteriormente Roberto Carlos tinha gravado em seu disco de 1969 a música, Não vou Ficar, de autoria de Tim, esse disco de Roberto estourara com essa música causando interesse e curiosidade de todos em querer saber quem era esse artista, por isso a aceitação de Tim foi imediata. Esse disco foi eleito pela revista Rolling Stone como melhor disco brasileiro de todos os tempos, tendo a posição de 25º, por isso a importância dessa obra prima. E por fim, esse disco consolidou a carreira de Tim, com clássicos como Primavera, Azul da Cor do Mar, Cristina (que tem duas versões) que vai do rock ao soul, que faria da carreira desse mestre fodástica, que traria discos conceituais posteriormente, mas isso é outra história que prometo contar em breve.
Um disco e tanto, que é dever de todos os bons ouvintes terem, um disco que recomendo e que não pode ser esquecido. Ainda mais porque que estreou o seu filme e eu estou louco para assistir!
Segue as provas de que eu Flávio Oliveira sou fã de Tim Maia:

Faixas do Disco

Lado 1

1 –  Coroné Antônio Bento

2 –   Cristina

3 –   Jurema

4 –   Padre Cícero

5 –   Flamengo

6 –  Você Fingiu

Lado 2

1 –   Eu amo Você

2 –   Primavera (Vai Chuva)

3 –   Risos

4 –   Azul da Cor do Mar

5 –    Cristina Nº2

6 – Tributo a Booker Pittman

     Ouça o 1° Disco de Tim Maia completo!

    Veja o trailer oficial do filme Tim Maia!