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Radiohead – OK Computer (1997)

Radiohead – OK Computer (1997)

Olá galera do blog A História do Disco! Aqui é o Denis Borges novamente, bora pra mais uma resenha? A de hoje é especial, um disco épico, singular e aclamado por todos. Então sem mais delongas, vamos à ele.

O disco OK Computer (1997) é um grande álbum, a obra-prima do Radiohead, que sempre marca presença em listas sobre os melhores álbuns de rock dos anos 90, e já foi considerado várias vezes como o melhor disco de todos os tempos. Sem entrar em méritos, se você não conhece o disco ou o histórico da banda e de seus mais recentes trabalhos, segue uma dica: antes de ouvir, abra sua mente, caso não o fizer você pode não estar preparado para o encontro. Definitivamente se você não é fã da banda de Oxford, mas está disposto a trafegar por esta sinuosa, surpreendente e ás vezes, nebulosa estrada, passear somente uma vez pela obra não fará você decorar o caminho de volta ou perceber as nuances do trajeto.

Hoje, olhando para o distante Pablo Honey, primeiro disco lançado pela banda em 93, e escutando A Moon Shaped Pool, último disco lançado em 2016, podemos afirmar que o Radiohead é a banda em atividade que mais evolui musicalmente , fazendo dos seus nove discos obras singulares e independentes uma das outras. A busca por novas sonoridades é o que torna o Radiohead uma banda única e admirada. É perceptível a forma conceitual com que a banda trabalha seus álbuns, OK Computer talvez seja o melhor exemplo disso. E muitas bandas beberam de sua fonte – Muse, Coldplay, Travis -, mas nenhuma alcançou a excelência dos caras.

Falando sobre o álbum, OK Computer (1997) é o terceiro disco do Radiohead, vindo após dois bons trabalhos: Pablo Honey(1993) e The Bends (1995). Como o nome sugere, umas das temáticas do disco é sobre como o ser humano interage com a tecnologia,  e também a clara insatisfação com o modo de vida que o homem já levava no final do século passado.

Com uma visão sempre crítica das coisas, Thom Yorke já enxergava a forma exacerbada como o mundo consumia tecnologia. A tão sonhada evolução de automatizar a nossa vida, deixando-a mais funcional, acaba sendo sufocada pelo uso excessivo e descontrolado da tecnologia, tornando raros os momentos de efetiva integração social. Hoje em dia é normal ouvir bandas relatando a falta de conexão que os celulares causam entre elas e o público. O simples ato de assistir um show acompanhado de seus amigos e torná-lo um momento único, se transforma em um mar de fotos, vídeos e likes. Posteriormente as pessoas apenas conseguem se lembrar desse “momento épico” que mal foi aproveitado, recorrendo a memória de seus celulares. Todas as músicas do álbum, de certa forma, nos levam a este tipo de questionamento. Thom Yorke ‘didatiza’ esse tema, transformando OK Computer em um disco conceito.

Em relação a sonoridade o álbum é totalmente fiel ao tema proposto. Uma mistura de rock com experimentos eletrônicos diversos, presentes em praticamente todas as músicas. Ao longo do disco percebemos as várias facetas de Thom Yorke com sua voz. A faixa, Filter Happier, é o melhor delas, na qual Thom emula sua voz feito a de uma máquina (computador), recitando um emaranhado de sugestões para se viver melhor.

O disco OK Computer começa com a enigmática Airbag, com seus efeitos eletrônicos disformes e assíncronos ao fundo. Yorke revela a aversão que possui por carros, e na letra ele relata um possível acidente sofrido onde ele foi salvo por um airbag. Logo em seguida temos a melhor faixa do disco, Paranoid Android, com seis minutos e vinte e sete segundos de diversas reviravoltas sonoras mesclando rock, um quase punk em alguns momentos, com eletrônico na sua melhor simbiose. Os vocais vão do sussurro aos gritos, para mim é uma obra perfeita.

A faixa, Subterranean Homesick Alien, começa calma e mantem-se em uma bela linha harmoniosa até o seu fim. As letras são carregadas de indagações como: Eu gostaria que eles descessem em meu caminho/ Tarde da noite quando estou dirigindo/ Embarcassem-me em sua linda nave/ E me mostrassem o mundo como eu gostaria de vê-lo. E essas indagações dão o tom de indignação do disco. A música mais lenta e melancólica do disco é Exit Music, algo que Thom Yorke sabe criar como poucos.

Let Down é mais uma bela e doce melodia onde Yorke despeja toda sua melancolia. Karma Police, um dos singles comerciais do disco, tem uma base simples de piano e violão onde, assim como em Creep (Pablo Honey), Yorke fala sobre o estranho, o esquisito, aquele que não se enquadra em nenhum lugar. Fitter Happier não chega a ser uma música, está mais para um texto narrado. Electioneering  é a mais popzinha do disco, mas nem por isso a menos interessante e vem cheia de riffs.

Clibimg  Up The Walls é um antônimo da  faixa anterior, mais calma, sombria e com um vocal distorcido, quase um lamurio, eu gosto muito do solo e do seu final. Outro single tocado nas rádios foi No Surprisesmelodia minimalista com letra que pode representar qualquer pessoa em um dia de questionamentos internos.

Uma de minhas faixas preferidas é Lucky que é extremamente bela em sua simplicidade, é uma faixa lenta, envolvente, bonita e ascendente.  A faixa The Tourist é mais limpa, lenta e hipnotizante, um belo fechamento para essa obra-prima que o Radiohead criou há quase 20 anos.

Um disco tão emblemático e único, gera uma certa preocupação ao tentarmos traduzi-lo em palavras, ainda mais quando você não as possui. Transformar sentimentos em palavras não é meu forte, ao contrário do compositor e vocalista, Thom Yorke.

Após OK Computer (1997) o Radiohead lançou Kid A (2000) e Amnesiac (2001), discos totalmente experimentais, onde predomina os elementos eletrônicos. Posteriormente a banda faz uma mescla de tudo que já haviam criado, com o disco Hall to the Tief (2003). Após um hiato de quatro anos eles lançam In Rainbows (2007), disco sensacional e com algumas particularidades, e que é merecedor de uma resenha própria. Já em 2011 lançam King of Limbs, outro bom disco. E em 2016 sai o último disco da banda até o momento, A Moon Shapad Pool, outro ótimo disco que ainda degusto quase que diariamente.

Eu, Denis Borges, acompanho a banda desde o seu segundo disco, The Bends (1994), e uma coisa eu posso dizer: experimentar, ousar, buscar o novo, isso é Radiohead! Espero que tenham gostado da matéria, e que ela tenha despertado em você caro leitor a vontade de ouvir este disco e consequentemente os outros álbuns da banda. Um forte abraço e até a próxima resenha, aqui no A História do Disco.

Faixas do Disco

1 – Airbag

2 – Paranoid Android

3 – Subterranean Homesick Alien

4 – Exit Music (For a Film) 

5 – Let Down

6 – Karma Police

7 – Fitter Happier

8 – Electioneering

9 – Climbing Up The Walls

10 – No Surprises

11 – Lucky

12 – The Tourist

Clique aqui e ouça o disco OK Computer completo!