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Raimundos – Lavô Tá Novo (1995)

Raimundos – Lavô Tá Novo (1995)

Olá galera, eu Denis Borges estou eu de volta ao blog e na matéria de hoje nós continuaremos na década de 90 mas pra falar de uma grande banda brasileira. Em 1996 se vocês me perguntassem qual a melhor banda de rock nacional de todos os tempos, fatalmente ei iria lhes dizer: Raimundos! Tudo que um adolescente que gostava de rock nesta época queria ele encontrava no som que a banda brasiliense fazia. Letras escrachadas, som pesado e integrantes afinados com seu público alvo.

Como citado acima continuaremos na década de 90, com aquela nostalgia que nós do A História do Disco adoramos, dessa vez falarei sobre  a melhor de banda de rock nacional do período de 1993 a 2000, pelo menos na minha humilde opinião. Pra quem não sabe “os Raimundos” são de Brasília e banda tem esse nome  porque além deles serem fãs de Ramones , eles tinham familiares em estados da região nordeste, como a Paraíba por exemplo. Além de influenciar no nome da banda, a raiz  nordestina também era notada em suas músicas que misturavam hardcore, hard rock e uma pitada de forró, ficando conhecidos por tocarem “forrocore”. Era escutar um triângulo (instrumento típico do forró) junto com uma guitarra pesada que já sabíamos que era o som do Raimundos que tava rolando,  e detalhe: não precisava nem escutar a voz do Rodolfo (vocal) pra saber que era Raimundos que tava rolando.

A banda nasceu da amizade entre Digão (até então baterista) e Rodolfo (guitarra e vocal) lá em 1987. Carentes de um baixista, Rodolfo convida Canisso para entrar na banda. Depois de alguns shows aqui e ali ainda na cena brasiliense, cada um foi pro seu lado e o Raimundos ficou pra depois. Esse “depois” foi exatamente em 92, agora com Digão na guitarra e com um novo baterista, Fred, assim “os Raimundos” voltavam à ativa. Assim como a maioria das bandas, depois de muito tempo ralando os caras começaram a ganhar destaque no underground.

Uma coisa que me fez não gostar de Mamonas Assassinas era a comparação póstuma que faziam com o Raimundos. Musicalmente muito melhor, o Raimundos despontou antes do Mamonas Assassinas, quem escutava rock na época há de concordar comigo. Logo após o acidente que matou os integrantes do Mamonas suas viúvas mais pops esbravejam para todos os cantos que o Raimundos era uma banda oportunista. Eu, adolescente e já fã de Raimundos virei hater do Mamonas Assassinas de 90 rolava uma comparação póstuma muito grande entre Raimundos e Mamonas Assassinas. Mas vamos voltar a falar do Raimundos, depois de começar a se destacar na cena os “malucos de Brasília” receberam o convite para gravar seu primeiro disco pelo selo Banguela, este foi criado pela banda Titãs e pelo produtor musical Miranda. A mistura de hardcore e hard rock com influências nordestinas e letras repletas de palavrão começou a se espalhar, músicas como “Puteiro em João Pessoa, “Nega Jurema” e “Palhas do Coqueiro” começaram a chamar a tenção da molecada, mas as músicas citadas não tinham apelo comercial, sendo assim, coube a “Selim” ganhar as rádios, música que entrou no primeiro disco da banda aos 48 do segundo tempo.

A nossa resenha de hoje é sobre o segundo disco de estúdio Raimundos, o Lavô Tá Novo, de 1995. Nesta época a banda já era vista como promissora e esse segundo disco veio por uma grande gravadora, a Warner. Mesmo em uma grande gravadora as letras escrachadas e com duplo sentido ainda estavam presentes, contando com o peso do hard rock junto a velocidade do hardcore e de maneira mais sutil. Tudo isso ainda contando com aquela pitada de elementos nordestinos aliados a uma produção de banda gringa, e o resultado dessa equação foi o Raimundos fazendo grande sucesso.

Apesar de ainda novo, lembro bem daquela época e acredito que este disco deu o último grande fôlego para o rock nacional. Bandas que vieram depois do Raimundos beberam muito da fonte que os calangos lapidaram no meio dos anos 90. E já que citei o disco vale citar que o mesmo começa com uma pedrada a lá Raimundos: Tora Tora. São quase cinco minutos de hard rock dos bons. A segunda faixa seguramente tornou-se um hino do rock nacional, estou falando da faixa “Eu Quero Ver O Oco”, afinal, quem nunca tentou tocar a introdução desta música quando estava começando a tocar violão!? A letra é uma sátira de Canisso (baixista) referente a vez que estava ensinando Rodolfo (vocal) a dirigir, alias, o incidente ocorreu com Rodolfo dirigindo um fusca e sim, realmente teve um acidente.

A terceira faixa, “Opa!, Peraí, Caceta” não tinha como ser ruim, a mesma começava com o saudoso Costinha dizendo assim na introdução: Ela gosta de saco grande porque quando balança enche o cu de terra. O álbum Lavô Tá Novo ainda conta com mais estes clássicos da banda: O Pão da Minha Prima, Bestinha, Esporrei na Manivela e Sereia da Pedreira.

Pra fechar o disco e a resenha de hoje com chave de ouro vamos à mais um hino do rock nacional, afinal, quem nunca ficou curioso pra saber a tradução deste refrão: I Saw You Saying ( That You Say That You Saw). E o videoclipe dessa música passou muito na MTV Brasil, os integrantes do Raimundos todos vestidos de terno branco e com óculos escuros. Na época Rodolfo usava dreadlocks, Canisso e Fred eram cabeludos, e Digão tinha bastante cabelo ainda.

Bom galera, eu fico por aqui e prometo que logo mais estarei presente no blog com mais resenhas. Até a próxima 🙂

Faixas do Disco

1 – Tora Tora

2 – Eu Quero Ver o Oco

3 – Opa! Peraí, Caceta

4 – O Pão da Minha Prima

5 – Pitando no Kombão

6 – Bestinha

7 – Esporrei na Manivela

8 – Tá Querendo Desquitar (Ela tá Dando)

9 – Sereia da Pedreira

10 – I Saw You Saying (That You Say That You Saw)

12 –  Cabeça de Bode

13 – Herbocinética

Ouça o disco Lavô Ta Novo completo.

Confira o videoclipe de I Saw You Say (That Say That You Saw)

Assista a participação do Raimundos no VMB de 1996.