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Secos e Molhados (1973)

Secos e Molhados (1973)

Olá amigos e amigas do blog AHD, tudo bem com vocês? Espero que sim, hoje eu Flávio Oliveira, falarei um pouco sobre um dos maiores fenômenos da ‘Música Popular Brasileira’, que é o ‘Secos e Molhados’. Falar deste disco que abre a carreira do grupo é muito prazeroso, pois, além de estar inserido em um contexto histórico bem ‘barra pesada’ (por conta da Ditadura), o disco rompe com alguns conceitos conservadores impregnados na sociedade brasileira. Como vocês podem perceber esse álbum não é brincadeira, ele provocou alegrias  e também muitas reações adversas. Então, bora pro disco?

O que se pode afirmar antes do lançamento do disco da banda é que o contexto político-social no país era pesado. Em 1970 o Brasil passava por um dos momentos mais terríveis de sua história. A Ditadura Militar estava no auge em relação a censura (E há quem defenda esse regime!), perseguindo grupos políticos contrários ao pensamento vigente, bem como privando artistas em geral de expressarem sua arte (Lembra um pouco os dias de hoje!? Pensem nisso). Em meio a este desastre social, temos o jovem João Ricardo, rapaz lusitano que se erradicou no Brasil e que tinha em mente criar um projeto que buscasse expressar não só musicalidade, mas também poesia. Com a fusão destes elementos surgiria a essência do projeto Secos e Molhados, que estava prestes a surgir. João é filho do poeta João Apolinário, sendo essa uma das justificativas para suas inclinações poéticas, estas que fizeram com que seu caminho se cruzasse com o de Ney Matogrosso, a ponte entre os dois foi feita pela amiga Luhli. Nessa época  Ney vivia da arte, fazendo teatro e vendendo artesanato – atividades típicas dos jovens da época.

Com sua voz extremamente aguda e com uma belíssima atuação no palco, Ney Matogrosso agradou João Ricardo e ambos formaram um grupo no qual o lusitano já tinha todas as canções compostas. Vale citar que antes do encontro com Ney, João já havia tocado com diversos instrumentistas, mas a química só rolou mesmo com seu futuro parceiro de banda. E o nome Secos e Molhados foi dado por Ricardo, certo dia ele estava em Ubatuba e viu uma mercearia com o nome ‘Secos e Molhados’, a partir daí resolveu usar expressão como nome da banda. Usando suas próprias palavras o mesmo explicou: é um nome que não determina coisa alguma, que se abre para todos os gêneros.

Os novos colegas começaram a se apresentar em boates e eram acompanhados pelos músicos que posteriormente gravariam o primeiro disco do grupo junto com eles: Marcelo Frias na bateria, John Flavin na guitarra e Willi Verdaguer no baixo – músico argentino, e um dos melhores que ouvi até hoje. As apresentações começam a chamar a atenção do público em geral, atiçando mais a curiosidade de vários expectadores e por conta disso, o empresário Moacyr do Val resolve empresariá-los e apresenta a banda para a gravadora Continental.

Antes mesmo de entrarmos no mérito do disco, farei algumas observações sobre as pinturas que os integrantes do Secos e Molhados faziam no rosto antes de subir ao palco. Existe uma lenda em torno disso, muitos afirmam que as pinturas utilizadas pelo grupo influenciou a banda americana Kiss. Existem até depoimentos no Youtube no qual Zé Rodrix – que tocou piano na gravação do álbum do Secos e Molhados – afirma ter ouvido rumores sobre empresários americanos assistirem a apresentação da banda e gostarem da ideia das pinturas, e posteriormente tentaram levar essa ideia para o rock. Na minha concepção isso foi um mero mal entendido, pois analisando o contexto do rock, em meados dos anos 1960 havia um cantor chamado Arthur Brown que usava e abusava de performances artísticas no palco e também de pinturas em seu rosto como forma de expressar a sua arte – disponibilizarei ao fim desta matéria um link com uma performance de Arthur, ai você caro leitor poderá tirar suas próprias conclusões.

Mas deixando de lado as polêmicas, vamos ao que interessa. O primeiro álbum do grupo foi lançado em 1973 pela gravadora Continental, o disco é a união que envolve uma extensa qualidade musical aliada à poesia de Manuel Bandeira, João Apolinário, Vinícius de Moraes e também algumas canções folclóricas tradicionais das culturas portuguesa e brasileira. O disco começa com uma canção memorável que é lembrada até os dias de hoje, Sangue Latino – faixa aliás que ganhou homenagem do Titãs na música Eu Não Aguento -, que mesmo sendo uma música de curta duração, já deixa o ouvinte de cabelo em pé com a tamanha ousadia da voz de Ney aliada aos violões de doze cordas e as fortes batidas que envolvem a canção. Posteriormente temos a faixa, O Vira, mais um clássico, uma canção inocente e que não tem nada haver com homossexualidade como muitos presumem quando ouvem a música pela primeira vez. Os integrantes do grupo afirmam que a canção nada mais é que uma união dos elementos folclóricos lusitanos.

O que mais chama atenção em todo o álbum é a voz de Ney, com toda aquela entonação aguda espontânea, percebe-se que não é forçado, sendo assim uma das características que mais chamam atenção do ouvinte.

Outra faixa que merece destaque é Patrão Nosso de Cada Dia, que mostra a dura realidade dos trabalhadores brasileiros, que lutam por condições melhores de trabalho e que chegam ao ponto de doar a sua “alma” ao patrão – na época isso foi uma afronta para os militares, causando diversos desconfortos. E já que estamos falando do desconforto junto ao regime militar, vale citar que o fato da banda se vestir com trajes chamativos, meio andrógenos foi motivo de censura imediata dos órgãos da época. Vasculhando alguns vídeos na internet, encontrei um em que Ney Matogrosso fala das constantes ameaças que ele sofria durante a ditadura, os militares alegavam que o cantor era uma personalidade obscena para a família tradicional brasileira e que ia contra os valores morais cristãos. Portanto, perceba caro leitor, o quanto a liberdade de expressão era completamente afetada com esse tipo de governo.

Mais uma faixa que queria destacar é Assim Assado, uma canção que nitidamente aborda temas de preconceito racial, o guarda Belo é vangloriado ao querer o velho “assim assado”, pela sua cor etc. Isso é um retrato fiel do que a juventude brasileira vivia, por isso, considero esse disco como um patrimônio histórico de nosso país. E para encerrar, temos um dos momentos mais vibrantes e emocionantes do disco, a canção Rosa Hiroshima, que foi uma adaptação feita a partir de um poema de Vinícius de Moraes. Acho que não preciso falar mais sobre esse disco, não é!?

Vale muito a pena observar todo o conceito deste disco, desde a parte sonora da banda até a capa, aliás, a capa do disco nos mostra uma clara alusão ao regime militar, que ‘queria a cabeça de todos’, mostrando que o Brasil vivia tempos sombrios.

No Rock In Rio deste ano (2017), Ney voltou a participar do evento e sua apresentação foi junto a banda Nação Zumbi. Desde 1974, Ney evitava se envolver em qualquer tipo de evento que tivesse relação com o projeto ‘Secos e Molhados’ ou participar de algum revival no qual poderia ter a participação dos ex-integrantes da banda, João Ricardo e Gerson Conrad. Por conta de tudo isso, o palco Sunset recebeu uma das apresentações mais esperadas do Rock in Rio, com direito a ingressos esgotados, e em vários tabloides repórteres da área musical que cobriram o evento qualificaram o show como fantástico.

Eu recomendo esse álbum que é um dos melhores da MPB, um disco com conceito musical, com vocais extremamente ousados, com músicos de extrema virtuosidade e de um lirismo poético absurdamente genial. Quem ouvir com certeza não vai se arrepender.

Abraços pessoal, e até a próxima!

Faixas do Disco

1 –  Sangue Latino

2 – O Vira

3 – O Patrão Nosso de Cada Dia

4 – O Amor

5 –  Primavera nos Dentes

6 – Assim Assado

7 – Mulher Barriguda

8 – El Rey

9 – Rosa de Hiroshima

10 – Prece Cósmica

11- Rondó do Capitão

12 – As Andorinhas

13 – Fala

Ouça o primeiro álbum do Secos e Molhados na íntegra!

Assista Ney Matogrosso e Nação Zumbi interpretando a faixa ‘O Amor’ no Rock In Rio 2017

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Alanis Morissete – Jagged Little Pill (1995)

Alanis Morissete – Jagged Little Pill (1995)

Olá amigos do blog A História do Disco! Aqui é o Denis Borges trazendo mais uma resenha pra vocês. Novamente vamos mergulhar nos anos 90, mais um disco dessa década que foi maravilhosa para o rock. Hoje eu falarei sobre uma grande cantora e compositora, isso porque vocais femininos no rock não são habituais, mas quando aparecem sempre roubam a cena. A “menina” que está hoje em nosso blog detém até os dias atuais uma marca importantíssima:  álbum de rock mais vendido por uma mulher em sua estréia. No ano de 1995, a ainda “menina”, com seus apenas 21 aninhos, deixou o Canadá (seu país natal) e também sua curta carreira no pop (tendo dois discos gravados), para conquistar os EUA e posteriormente o mundo. Estou falando de Alanis Morissete e seu ótimo disco Jagged Little Pill.

O álbum Jagged Little Pill impulsionou Alanis, e a “menina” se tornou uma das mulheres mais influentes da música. Além dessa importante marca, o disco da canadense conquistou grandes marcas, como: 35 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, diversos Grammy’s, melhor disco de rock alternativo lançado no século 20, além de disco internacional mais vendido no Brasil na década de 90, 550 mil cópias. Aliás, a química da cantora com o nosso país foi bem forte, teve participação especial na novela Malhação da Rede Globo, e também uma super apresentação no Programa Livre de Serginho Groisman no SBT. Aaah que saudade dessa época!

Aos 21 anos, Alanis já alcançava o status de Rockstar com seu jeito nada comercial de ser, mas com uma empatia incrível com o público, principalmente o feminino. Vocês podem se perguntar, como é que uma jovem de 21 anos alcançou grandes feitos tão rapidamente? Alanis emplacou seis singles nas paradas, sendo que seu álbum continha 12 faixas, e ainda vale citar que dos feitos citados nesta resenha, poucos foram superados após 22 anos. Eu acredito que a resposta está na sinceridade das músicas de Alanis, não somente neste álbum, mas sim em todos os discos da cantora. Vejo Jagged Little Pill como um diário que em um momento de descuido, Alanis deixou aberto em sua escrivaninha e seu irmão passou por ali e leu por curiosidade, assim percebemos que, cada uma das experiências da cantora foram transformadas em letra e melodia.

Quando você meu caro leitor for ouvir o disco Jagged Little Pill – tendo um bom entendimento da língua inglesa, ou mesmo não tendo, e assim acompanhando a tradução – você terá a mesma sensação que eu, de estar se deparando com um livro aberto. Este álbum é um misto de emoções, assim como Alanis, assim como todas as mulheres são. Musicalmente essas emoções são transferidas para a sonoridade do álbum.

O disco começa com All I Realy Want, uma espécie de epílogo para o que viria. Posteriormente temos ‘You Oghta Now’, minha faixa preferida, que vem cheia de raiva:  An older version of me/ Is she perverted like me?Algo como: Uma versão mais velha de mim/ Ela é pervertida como eu? E há uma curiosidade que faz com que a faixa fique melhor, Flea e Davi Navarro (ambos integrantes do Red Hot Chilli Peppers na época) tocam respectivamente baixo e guitarra na música. Em seguida temos uma faixa mais calma, Perfect. Posteriormente temos Hand In My Pocket, que traz a perspectiva do amadurecimento, e ‘Forgiven’, uma crítica de Alanis em relação a sua criação religiosa.

Dando sequência as faixas temos, ‘Your Learn’, que como o próprio nome diz: Você Aprende. Posteriormente, Head Over Feet, faixa romântica que tem o trecho: And don’t be alarmed if I fall over feet/ And don’t be surprised if I love you for all that you are. Que em português seria: Não se assuste se eu me apaixonar da cabeça aos pés/ E não fique surpreso se eu te amar por tudo que você é . Já a faixa ‘Ironic’ fala sobre as ironias que a vida nos reserva, é a tão conhecida Lei de Murphy, saca? Quando o pão cai com o lado que está a manteiga pra baixo ou mesmo quando você pega uma fila menor em algum estabelecimento e fica enroscado nela um tempão enquanto a fila do lado vai diminuindo mais rápido. ‘Ironic’ é uma faixa muito icônica e pra mim é um dos clipes que mais representa a MTV dos anos 90.

Vale ainda citar que em 2005 a cantora lançou o álbum Jagged Little Pill acústico, comemorando os 10 anos de aniversário de lançamento do disco, que aliás, pode ser considerado o maior da carreira da cantora.

Enfim, Jagged Little Pill é um disco criado por uma jovem de 21 anos com uma coragem que mulheres com o dobro de sua ainda não tem, principalmente na questão de expor os assuntos que são abordados nesse álbum. Mesmo depois de tanto tempo os questionamentos e frustrações abordados no disco são bem contemporâneos. Hoje, eu olho para as cantoras – principalmente as roqueiras – e, infelizmente, não encontro ninguém que bebeu da fonte chamada Jagged Little Pill. É uma pena para mulheres, homens e principalmente para o rock.

Bom galera, eu fico por aqui. Espero que todos tenham gostado de ler esta matéria tanto quanto eu gostei de escrevê-la, este disco me traz ótimas recordações, apesar de eu ter perdido o álbum Dirt do Alice In Chains no lance de trocar CD’s com uma amiga. A troca era pra ser somente por uns tempos, mas dura até hoje, sabem como é né? Alanis, Jagged Little Pill, amiga…

Faixas do Disco

1 –  All I Realy Want

2 – You Oghta Know

3 – Perfect

4 – Hand In My Pocket

5 –  Right Through You

6 – Forgiven

7 – You Learn

8 – Head Over Feet

9 – Mary Jane

10 – Ironic

11 – Not The Doctor

12 – Wake Up

Ouça todo álbum Jagged Little Pill

Ouça o álbum Jagged Little Pill Acustic!

Assista o videoclipe da faixa Ironic

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Blink 182 (2003)

Blink 182 (2003)

Salve salve galera do blog A História do Disco, aqui estou eu Bruno Machado, para mais uma matéria. Após um tempo pensando sobre qual banda escrever, e qual disco dela escolher, eu optei pelo trio Blink 182 e pelo seu quinto álbum de estúdio, ao decorrer da matéria explicarei o motivo das minhas escolhas meus caros leitores.

Quem era adolescente na década de 90 lembra que muitas bandas com sonoridade parecida surgiram no cenário americano, como: Sum 41, Green Day e Blink 182.  Todas utilizavam uma única fórmula: videoclipes cômicos, sonoridade próxima ao punk rock e cabelos extravagantes (pelo menos pra época). Das três bandas que eu citei, duas tinham um power trio em sua formação, o Green Day e o Blink 182, coincidentemente, as duas que sobreviveram aos anos 2000 e continuaram sua jornada de sucesso no mundo da música.

O Blink ganhou real destaque depois do álbum Enema of State (satirizando o nome do filme Enemy of The State, 1998 – no Brasil, Inimigo do Estado) com a faixa All The Small Things que conta com um videoclipe bem produzido tendo os integrantes do Blink 182 imitando as ‘Boy Bands’ da época (Backstreet Boys e ‘NSync). O álbum ainda teve mais duas boas faixas que se destacaram: What’s My Age Again e Adam’s Song. A banda estava em crescimento e daí pra frente, com a ajuda dos clipes na MTV, o sucesso foi inevitável.

Vale muito citar que a qualidade individual de cada integrante fez grande diferença, a evolução a cada disco foi contínua, e o disco de hoje de nosso blog prova muito isso. Tom DeLonge (voz e guitarra), Mark Hoppus (voz e baixo) e Travis Barker (bateria) catalizaram toda sua inspiração neste disco como se a afirmação da banda dependesse dele. Tom e Mark como de praxe dividem os vocais, uma boa forma de fazer com que o ego não fale mais (pelo menos na minha humilde opinião!), e Travis tira um som de sua bateria que chega a ser fora do comum, sua técnica e velocidade são incríveis.

É claro que o tema juventude/adolescência não foi abandonado pela banda, mesmo porque ele fez parte do início e também da ascensão do trio. A faixa ‘First Date’ do disco anterior do grupo é uma das mais icônicas neste sentido, e neste quinto álbum da banda essa representatividade vem com a primeira faixa, Felling This. As duas faixas citadas tem videoclipe, o de First Date é mais engraçado, sem sombra de dúvida, mas o de Felling This é bacana também, principalmente pelo ar de “anarquismo” embutido nele.

Continuando na onda dos videoclipes temos boas produções nas faixas ‘I Miss You’ e ‘Always’, as duas melhores faixas do disco. Em ‘I Miss You’ temos um cenário mais dark e todos os integrantes da banda num clima mais sério. Por outro lado, na faixa ‘Always’ tem o trio atuando muito bem junto com uma bela atriz que passa o clipe todo ‘dispensando’ os rapazes. Vale citar que a produção e o roteiro do videoclipe são muito bons, fora que a música também é muito foda, aliás, é uma das músicas que eu mais gosto do Blink 182. A faixa ‘Down’ também ganhou videoclipe, aliás, ele conta com o protagonismo do ator Terry Crews (o Julius, do seriado Todo Mundo Odeia o Chris), apesar de não ser uma das melhores músicas do disco a canção merece destaque por ser tão gostosa de ouvir como ‘I Miss You’.

As faixas ‘Obvius’ e ‘Violence’ poderiam ter se destacado até mais no disco, já que ambas tem um conteúdo legal, ou seja, o disco não foi feito apenas de hits e tem um conceito definido, agradando bastante os fãs da banda. Pra quem não morre de amores pela banda, vale muito a pena ouvi-lo, para poder prestigiar um som de qualidade, um mero flerte com o punk rock.

Além de tudo que citei acima, o disco ainda trás algumas músicas mais lentas, engana-se quem pensa que elas são chatas ou que não tem muito a cara do Blink. Faixas como ‘I’m Lost Without You’ e ‘All Of This’ trazem um ar mais triste, mas refrões poderosos que fazem as faixas ganharem mais força.

Bom pessoal eu procurei sintetizar nessa matéria o que eu acho deste grande disco do Blink, vale citar que o disco todo é muito bom e vale muito a pena ouvi-lo inteiro. Ele tem altos e baixos em relação a músicas mais calmas e músicas mais agitadas, como citei nos parágrafos anteriores, por isso que tenho em mente de que este álbum mostra a grande evolução do Blink 182 como banda.

Pra finalizar, é muito válido citar que ano passado (2016) a banda lançou seu sétimo álbum de estúdio, inclusive ele não conta com o vocalista/guitarrista Tom Delonge, que resolveu seguir carreira solo. No seu lugar, entrou Matt Skiba, tocando guitarra e cantando, e pode acreditar meu caro leitor, o cara assumiu a bronca sem medo de ser feliz e se entrosou rapidamente com o restante da banda. Eu, como fã do Blink 182, conferi o disco e confesso que gostei bastante, é um álbum bem trabalhado e que conta com a velha identidade da banda.

Eu vou ficando por aqui e espero que você leitor tenha gostado dessa resenha, até a próxima 😉

Faixas do Disco

1 –  Feeling This

2 – Obvious

3 – I Miss You

4 – Violence

5 –  Stockholm Syndrome

6 – Down

7 – The Fallen (Interlude)

8 – GO

9 – Asthenia

10 – Always

11 – Easy Target

12 – All Of This

13 – Here’s Your Latter

14 – I’m Lost Without You

15 – Anthem Part Two (Live In Chicago)

Assista o videoclipe da faixa Always

Assista o videoclipe da faixa Down

Ouça o quinto álbum de estúdio do Blink 182 completo!

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Barão Vermelho (1982)

Barão Vermelho (1982)

Olá pessoal, tudo bem com vocês? Espero que sim, eu sou Flávio Oliveira e hoje teremos uma resenha sobre uma banda muito especial para o rock brasileiro: Barão Vermelho.

Falar do rock nacional é explorar os diversos contextos que o nosso país vivia principalmente na década de 80, hoje a grande parte da juventude nem imagina o quanto era complexo fazer um som nessa época. Digo isso pois, vários músicos consagrados deste período ressaltam que formar uma banda na década de 80 era um tarefa árdua, mesmo porque, exigia certa grana (coisa que muitos não tinham) e sobretudo, muita vontade de fazer um som para expressar tudo aquilo que sentiam e que necessitavam expelir.

Comecemos pelos fatos que antecedem a formação do grupo Barão Vermelho, vale frisar que a vontade de tocar rock teve inicio com os garotos Guto Goffi (Flávio Augusto Goffi Marquesini) e Maurício Barros (Maurício Barros de Carvalho) – respectivamente com 17 e 19 anos de idade – que após assistirem ao show antológico da banda inglesa Queen em São Paulo em março de 1981, tiveram uma imensa vontade de montar uma banda de rock para serem como seus heróis do rock. Como todos sabem, Guto se arranjaria nas baquetas e Maurício nos teclados. No mesmo ano do show do Queen, só que no mês de outubro, no colégio em que Guto e Maurício estudavam (só que no Rio de Janeiro) surgiu a ideia de criar uma banda com o nome Barão Vermelho. O nome é uma alusão ao codinome que o aviador Manfred Von Richthofen utiliza durante a Primeira Guerra Mundial, aliás, o piloto era muito temido pelos Aliados. Posteriormente foram convocados para fazer parte do grupo, os jovens Dé (André Palmeira Cunha) para tocar baixo e Frejat (Roberto Frejat) para tocar guitarra. A banda utilizava a casa dos pais de Maurício como núcleo base (aah que trocadilho malandro) para ensaiar e ver como rolaria o entrosamento dos músicos – o que é fundamental. Como a banda ainda não tinha vocalista a pessoa que foi escolhida para fazer testes e ver se dava ‘liga’ foi nada menos que, Léo Jaime. Pois é meus caros, aquele rapaz com a voz doce, que cantou e emocionou (ou não!) toda a geração de 80 (atuando como ator nas novelas da rede Globo e também com as músicas: A Vida Não Presta, Gatinha Manhosa e As Sete Gatinhas) foi vocalista (provisoriamente, diga-se de passagem) do Barão Vermelho.

Posteriormente, os criadores do grupo chegaram à conclusão que Leo não tinha a voz que a banda precisava, ou seja, a voz aguda e doce não era o que eles procuravam. Foi então que Léo Jaime, que já tinha três bandas – entre elas o João Penca e Seus Miquinhos Amestrados – não levou o ‘toco’ pro lado pessoal, muito pelo contrário, ele foi muito simpático e entendeu qual era o objetivo da banda. Foi através de Léo inclusive que a banda conheceu o nosso querido Agenor de Miranda Araújo Neto, nome de batismo do mestre Cazuza, este que trouxe toda a energia selvagem de rock que todos da banda procuravam em um cantor, e por isso, de imediato Cazuza foi aceito. Aproveitando a ‘deixa’, acredito que vocês caros leitores daquela emblemática cena do filme Cazuza – O Tempo Não Pára (2004), na qual rola um ensaio e os garotos mandam a clássica Smoke The Water do Deep Purple. Eu assisti esse filme inúmeras vezes, e sempre piro nessa parte. Outra coisa que gostaria de lembrar junto à vocês, é que além de ser um excelente cantor, Cazuza manjava muito de composição, por isso a química foi perfeita.

O pai de Cazuza, o senhor João Araújo (empresário, produtor e também presidente da Som Livre na época) tinha arranjado um trabalho para o filho na gravadora, mas como todos sabem, o nosso querido Cazuza não queria trabalhar nesse ramo, mas sim ser um artista. Seu pai, que não aceitava seu filho em uma banda de rock, recebeu uma enorme pressão e resistiu até onde pôde as exigências. Em seu trabalho, Cazuza inicia uma amizade com o produtor musical Ezequiel Neves que após ouvir uma fita K7 demo da banda em 1981 quis que o Barão Vermelho gravasse um disco pela Som Livre. A resistência de João não durou muito e por isso, ele teve que ceder e contratar a banda.

O primeiro disco do Barão Vermelho foi lançado em setembro de 1982 e foi gravado durante o mês de maio do mesmo ano no estúdio Sigla do Rio de Janeiro. Podemos afirmar que este disco foi um pé na tábua para as bandas do rock brasileiro, mesmo porque o Barão Vermelho foi uma das primeiras bandas nacionais a ter destaque na mídia, fazendo muito sucesso e tendo seu ápice no primeiro Rock In Rio em 1985. Neste primeiro disco da banda estão músicas que se tornaram imortais na memória do público, tais como: Down Em Mim, Bily Negão, Ponto Fraco e Todo Amor Que Houver Nessa Vida.

O que vale muito destacar nesse álbum é marcante vibração da banda. Uma energia visceral com a pura fórmula do rock ‘n roll junto aos delirantes solos de guitarra de Frejat. O disco já começa com uma bela canção, Posando de Star – que eu acho bem interessante pois é um retrato fiel do Cazuza sendo um porra louca. Também destaco a faixa Conto de Fadas, onde encontramos uma letra bem debochada, na qual a menina que foi abandonada é escrachada pela ironia de Cazuza.

Em sua totalidade o disco é muito contagiante, com variações do rock n’ roll ao blues dos Stones, e o que também vale e muito citar é a nítida vontade que esses rapazes tinham de fazer rock e também a contagiante energia que você sente da primeira a última faixa do disco. E na minha concepção, a banda só repetiria esse feito no disco Maior Abandonado (1984), que foi um sucesso de vendas, mas que tem uma sonoridade mais pop, diferente do disco de 1982.

Sem sombra de dúvidas, eu recomendo esse disco, que para mim é um dos mais rock ‘n roll da década de 80, e para terminar gostaria de destacar uma faixa que não entrou no disco na época, mas que veio a tona recentemente no disco comemorativo, a faixa Sorte ou Azar. A música se tornou pop porque foi tema de novela da Globo, mas na época o pessoal não quis arriscar pois achavam que ela traria azar para a banda. Que bobagem, não? Vale a pena conferir, eu super recomendo para vocês caros leitores do blog A História do Disco. Um forte abraço e até a próxima pessoal!

Faixas do Disco

1 –  Posando de Star

2 – Down em Mim

3 – Conto de Fadas

4 – Billy Negão

5 –  Certo Dia na Cidade

6 – Rock’n Geral

7 – Ponto Fraco

8 – Por Aí

9 – Todo o Amor Que Houver Nessa Vida

10 – Bilhetinho Azul

Ouça o primeiro álbum do Barão Vermelho na íntegra!

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Chico Buarque – Sinal Fechado (1974)

Chico Buarque – Sinal Fechado (1974)

Olá pessoal do blog, como vão vocês? Espero que estejam bem, pois, estamos iniciando um ano novo, vida nova e todos aqueles clichês cômicos que ouvimos todos os anos. Aproveitando a “deixa” desse momento de hibernação de todos e aqueles dias de folga para comentarmos sobre a obra do mestre Chico Buarque, cantor esse que teve as suas devidas importâncias na Música Popular Brasileira e que por sinal, existe certo preconceito contra o mesmo, mas é porque muitas pessoas julgam antes mesmo de conhecer, uma pena isso porque como estudante de história vejo suas letras como um prato cheio para analisarmos o contexto vivido na época e entendermos como era a vida no Brasil na década de 1970, anos esses que eram turbulentos e difíceis.

Decidi falar sobre esse disco porque aproveitando o gancho das últimas obras comentadas anteriormente, falamos de discos que foram importantes em meio a um tempo complexo, onde as pessoas não tinham a sua liberdade de expressão e nem sequer podia colocar na prática os seus pensamentos. Fato esse, que foi bastante polêmico em nosso país, pois vários artistas começaram a compor freneticamente, compondo discos maravilhosos (como este) e muitos dos compositores se embarcaram em alguma ideia para fugir daquela monotonia do autoritarismo militar. Esse é um assunto muito gostoso de discutir porque envolve vários aspectos da nossa cultura e propriamente da nossa história, pois, além de você ouvir um ótimo som com esse disco, você poderá entender quais eram os contextos vividos pelos artistas brasileiros, que sofriam censuras, muitos deles não podiam compor (fato que ocorreu com Chico Buarque) e ninguém podia falar sobre o que ocorria no Brasil.

Um breve ponto a ser comentado é esse preconceito que se acerca em torno de Chico Buarque, muitas pessoas têm certos preconceitos contra quem ouve o artista, pelo fato de que as pessoas que escutam Chico se acham intelectuais e se acham os “bacanas”, isso pode até ser uma verdade, mas temos que colocar em mente que não é só com Chico que isso acontece, isso acontece com outros artistas também. Existem várias pessoas que só porque escutam um som diferente de outras pessoas se sentem mais avançadas culturalmente do que quem não ouve, convenhamos, isso é uma tremenda banalidade, pois afinal, a nossa cultura tem que ser vista e revista, analisando os seus pontos de importância e deixando de lado esse preconceito ignorante, porque antes de termos uma crítica construtiva, devemos ter conhecimento acima de tudo para comentarmos. O que vejo sempre são pessoas que criticam mas nem sequer querem conhecer a obra, por isso resolvi fazer uma breve análise desse disco, e servindo como recomendação para todos ouvirem e quebrar esse estereótipo de que quem ouve Chico é intelectual.

Comentários sobre o disco Sinal Fechado (1974)

Francisco Buarque de Hollanda nascido em 19 de junho de 1944 é um dos artistas brasileiros mais renomados e bem respeitados dentro da MPB, isso vale muito porque Chico é um artista completo, além de ser compositor, ele é escritor contendo livros arrebatadores como: A gota d’água, Fazendo Modelo e o livro mais atual, O irmão Alemão. Chico também fez peças de teatros como Calabar, que conta uma breve passagem de um fato no Brasil:  um comerciante brasileiro que ajudou os holandeses durante a invasão no Brasil.

 Essa peça foi censurada e proibida de ser executada, pois essa peça soava como subversiva contra os dogmas militares da época, “uma ofensa ao Brasil”. Por isso Chico é um artista brasileiro que sempre teve um currículo abrangente e vasto, pois o mesmo é filho de um dos historiadores mais reconhecidos do Brasil, nada menos que Sérgio Buarque de Hollanda, historiador esse que gosto muito (e que recomendo que todos leiam sobre ele), por isso entendemos como Chico tem inspirações em suas músicas.

Chico foi um dos artistas mais atingido pela censura no Brasil, sendo atendido e taxado como militante de esquerda por muitos, rótulo esse que ele mesmo não aceitava pois em seus primeiros discos percebemos que essa desenvoltura nas composições eram diferentes, lembrando que esse primeiro disco dele, é um disco de samba bem suave e com letras apaixonantes, e por isso, Chico foi considerado um salvador por muitos estudantes da época, uma grande inspiração para todos que viviam aquele momento de ditadura.

A censura não poupou Chico que foi perseguido pois suas letras sempre foram compostas de criticas ao regime vivido, criticando o sistema e a sociedade brasileira, sempre com um toque sútil e com trocas de palavras para driblar a censura (driblar mesmo, no sentido literal da palavra), pois em um determinado momento de sua carreira várias de suas composições foram banidas pela censura, sendo consideradas canções que incitavam todos a cometerem atos subversivos e quebrarem as leis de segurança nacional, por conta da perseguição militar Chico teve que em vários momentos  escrever canções com outros nomes, nomes fictícios para não descobrirem quem era ele, caso do Julinho de Adelaide, esse que ele dizia que era um amigo dele, que morava nos morros do RJ e que era um compositor de samba, fato esse que ele conseguiu com sucesso enganar a todos, e por isso, resultou várias histórias curiosas sobre suas músicas, que é o caso da música “Jorge Maravilha” supostamente composta por “Julinho de Adelaide”, sendo que, existe um vídeo no you tube onde ele explica quem é o compositor da música, mas começaram a surgir várias histórias dessa canção dizendo que Chico Buarque poderia supostamente ter tido um caso com a filha do General Médici, a história é negada por ele até os dias de hoje, mas que a letra deixa a entender isso deixa.
Chico Buarque é um artista completo, em vários aspectos, não só pelo fato dele mostrar a nossa realidade, mas sim por ser um dos primeiros compositores brasileiros a abusar do lirismo poético e se passar por uma mulher (na música Olhos nos Olhos), retratando seus sentimentos, fato esse nunca demonstrado por nenhum cantor brasileiro e sobre seus comentários sobre as mulheres atenienses, na música ‘Mulheres de Atenas” canção essa que acho muito bonita e que serve como meio para entendermos a história.

Mas como disse anteriormente, Chico sofreu muito com a censura e foi obrigado a dar um tempo em suas composições, obrigando a criar um disco, para saudar outros compositores do Brasil, como Caymmi, Caetano Veloso, Noel Rosa e Paulino da Viola

O nome do disco, leva o nome uma canção de Chico, em um disco só, apenas contando com duas composições dele, o disco citado chama-se “Sinal Fechado” que pra mim é um disco muito forte, um dos seus melhores discos desse excelente integrante da MPB, onde ele contempla a obra da música brasileira e onde é um período onde ele dá uma pausa.

Sinal Fechado também é uma alusão à censura que corria na época, impedindo dele compor suas canções, eis aí um detalhe interessante, pois nesse disco ele consegue compor uma grande música interessante, que passou batido pela censura “Acorda Amor” música essa que está com o nome de Julinho de Adelaide, por isso podemos perceber que é um disco cheio de canções de nossa música popular brasileira e um disco muito bem recebido pela critica, tornando assim, um disco inesquecível e um disco obrigatório na coleção de todo fanático por música, por isso, fica aqui a minha dica.

                 

Faixas do Disco – Sinal Fechado (1974)

Lado A

1-    Festa Imodesta

2-    Copo Vazio

3-    Filosofia

4-    O Filho que Eu Quero Ter

5-    Cuidado com a Outra

6-  Lágrima

Lado B

1-    Acorda Amor

2-     Lígia

3-    Sem Compromisso

4-    Você não sabe Amar

5-    Me deixe Mudo

6-    Sinal Fechado

Uma boa viagem e até a próxima galera!

Ouça todas as faixas do disco Sinal Fechado!

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Foo Fighters – There is Nothing Left To Lose (1999)

Foo Fighters – There is Nothing Left To Lose (1999)

Fala galera do blog A História do Disco, eu sou o Alexandre Bottura, mais uma vez gostaria de agradecer aos amigos Bruno Machado e Flávio Oliveira pela oportunidade de pode escrever e publicar a história dessa banda que é uma das minhas favoritas, falando desse disco que foi tão importante na minha formação musical e pessoal, sim o rock também é atitude.

Sim caros leitores e seguidores do blog A História do Disco, estou falando do There is Nothing Left To Lose da banda Foo Figthers. Este foi o terceiro álbum de estúdio da banda e foi gravado entre os meses de março e junho de 1999, o lançamento ocorreu no dia 2 de novembro do mesmo ano pelo selo RCA, gravadora que pertencia a Sony Music Entertainment.

Este álbum possui algumas curiosidades, e uma delas é o  fato de ser o primeiro disco a contar com Taylor Hawkins na bateria, ele assumiu o posto após a “demissão” de William Goldsmith, e Taylor começou participando da turnê do álbum The Colour and Shape – aliás, a bateria desse disco foi gravado por David Grohl em 1997. Outra curiosidade é o fato do álbum There is Nothing Left To Lose ter feito a banda ganhar seu primeiro Grammy: melhor álbum de rock. O segundo prêmio veio com a música Learn To Fly como melhor videoclipe.

A sonoridade do disco ainda soa moderno como era no início dos anos 2000, seja por conta do timbre das guitarras, do baixo ou mesmo da bateria. Com o passar dos anos os discos do Foo Fighters foram ficando cada vez mais vintage, ou mesmo mais clássico se você caro leitor preferir. Confesso que eu tinha preferência pelo som mais moderno e não só nos álbuns do Foo Fighters mas também nos grandes álbuns de rock mais contemporâneos. Com o passar dos anos eu percebi que o som clássico tem tudo haver com o rock – nada como amadurecer, não é?

A formação da banda na gravação do disco There is Nothing Left To Lose contou com Dave Grohl (vocal e guitarra), Nate Mendel (baixo) e Taylor Hawkins (bateria), isso porque um pouco antes da gravação deste álbum Dave mandou embora o guitarrista Franz Stahl, que alias, tinha acabado de entrar no lugar de Pat Smear – este que é conhecido por também ter tocado com o Nirvana.

Pessoalmente o álbum foi muito importante para mim, pois com apenas 13 anos de idade e já fidelizado com o rock eu ouvi este álbum e tive a certeza de que não era apenas mais uma banda e nem apenas mais um estilo dentro do rock. Senti que era algo que eu levaria pro resto da vida, e um dos primeiros desejos que tive após ouvir esse disco era ter uma banda só pra tocar a música Learn To Fly, uma das minhas favoritas até hoje. Aliás, o videoclipe dessa música é o meu favorito.

Outra curiosidade sobre o Foo Fighters é a participação da banda no Rock In Rio III que rolou em 2001, foi a primeira apresentação da banda no Brasil, e a novidade foi o quarto elemento, Chris Shiflett (tocando guitarra), ele faz parte da banda até hoje. Ainda fazendo show com a turnê do terceiro álbum de estúdio a banda se apresentou no Rio e teve o maior público de sua carreira. Aproximadamente 250 mil pessoas prestigiaram a banda, sanando qualquer dúvida do grupo em relação ao conhecimento de suas canções por parte do público brasileiro. Mesmo sendo de madrugada, eu de férias na praia assisti ao show e que show foi esse hein meus caros leitores.

Inicialmente a banda não tinha sido convidada para tocar no Rock In Rio, mas depois de ver que o grupo liderava uma enquete sobre atrações favoritas feita no site do festival, os organizadores pensaram melhor. O Foo Fighters se apresentaria no Brasil em Fevereiro de 2000, mas o quarteto cancelou a sua vinda ao país ao descobrir que um dos shows seria exclusivo para clientes de uma companhia telefônica. No dia apresentação da banda no Rock In Rio, em 2001, coincidentemente o vocalista Dave Grohl fazia aniversário e ganhou bolo que foi trazido ao palco por sua então esposa Melissa Auf der Maur (ex-Hole). A cantora Cássia Eller, que havia cantado no mesmo dia no festival, também deu o ar da graça e apareceu correndo no palco pra dar um grande abraço em Dave. O show do grupo no Rock In Rio fez parte da turnê do disco There is Nothing Left To Lose.

Vamos as faixas do álbum, e antes de qualquer comentário eu gostaria ressaltar que ‘sim’ esse disco pode ser reproduzido do início ao fim sem pausas, ele é recheado de hits e mostra a evolução sonora da banda em relação aos seus álbuns anteriores. O disco já começa com uma pedrada na cabeça podemos dizer assim, a primeira faixa Stacked Actors é um destaque e tanto, inclusive é tocada até hoje pela banda em seus shows e conta com uma distorção pesada que nos lembra as guitarras de Josh Homme do Queens of the Stone Age, amigo de Grohl e músico que também o inspira. A faixa tem uma modulação interessante de ritmo e lembra um pouco a nossa MPB em seu ritmo.

Já a faixa Breakout se destaca por ser tema da ótima comédia Eu, Eu mesmo e Irene (2000) contando com um videoclipe super engraçado que faz alusão ao personagem de Jim Carrey no filme. Uma curiosidade desse clipe é que a mãe de Dave Grohl participa do mesmo, mostrando o dedo do meio na cena em que Dave esta andando devagar com seu carro. Outro grande hit do disco foi Learn To Fly que como já descrito nesta resenha teve o videoclipe premiado no Grammy, a faixa se tornou um clássico e com certeza é uma das canções mais conhecidas da banda.

Músicas como Gimme Stitches tem grande sonoridade e uma pegada rock, inclusive é uma das minhas favoritas, é seguida de Generator, destaque para o uso do Talk Box, efeito que utiliza voz e guitarra juntos. Aurora é uma canção mais lenta e que tem letra e melodia de extrema beleza, já a faixa Live-in Skin segue a mesma característica do álbum, com uma pegada rock tradicional. E temos a faixa Headwire que mistura melodia mais calma com pegada rock.

Há mais um clássico da banda no disco There is Nothing Left To Lose que é Next Year, a faixa ecoa até hoje nos shows da banda. Vale citar que a linha de baixo da música é inspirada em Sir Paul McCartney e também nas canções dos Beatles, destaque para o videoclipe que mostra os integrantes do Foo Fighters como astronautas.

Vou falar agora de uma das minhas canções favoritas, Ain’t It The Life, que também é a preferida de Dave Grohl, foi o que afirmou o vocalista em uma entrevista. Ele destaca seu amadurecimento musical em relação a composição e criação. A faixa citada nesse parágrafo é a mais calma e também é a faixa preferida de todos os fãs de Foo Fighters. M.I.A fecha o disco com chave de ouro, mostrando toda potência vocal de Dave e assim encerrando um dos maiores álbuns da banda e porquê não, do rock.

Bem meus amigos minhas considerações finais a respeito do disco são de que ele foi fundamental na história da banda, tanto que como citei na resenha, várias faixas deste dele permanecem no show do grupo até hoje, com certeza este álbum é tão importante quanto seu antecessor, The Color and Shape. Para um novo fã do Foo Fighters é necessário ouvir este álbum, e para um velho fã como eu é prazeroso cada vez mais ouvir cada canção. Foi com grande prazer e felicidade que escrevi essa resenha sobre este álbum e banda que são especiais para mim, e confesso que foi difícil em algumas partes encontrar palavras . Enfim, obrigado novamente à todos e espero que você caro leitor tenha gostado da matéria.

Viva o rock, viva o Foo Fighters! Até a próxima 🙂

Faixas do Disco

1 –  Stacked Actors

2 – Breakout

3 – Learn To Fly

4 – Gimme Stitches

5 –  Generator

6 – Aurora

7 – Live-In Skin

8 – Next Year

9 – Headwires

10 – Ain’t It The Life

11 – M.I.A

Assista o videoclipe da faixa Learn To Fly

Assista o videoclipe da faixa Next Year

Confira a apresentação do Foo Fighters no Rock In Rio III

Assista o videoclipe da faixa Breakout

Ouça o álbum There is Nothing Left To Lose completo!

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Skank – O Samba Poconé (1996)

Skank – O Samba Poconé (1996)

Olá galera que acompanha o blog A História do Disco, aqui estou eu, Bruno Machado, para escrever pra vocês mais uma matéria. Há tempos eu estava afim de escrever sobre essa banda, grupo mineiro que marcou época nos anos 90 e que se renovou e continuando fazendo sucesso nos anos 2000, hoje falarei sobre um dos maiores discos do Skank.

Antes do álbum ‘O Samba Poconé’ o Skank já tinha se destacado com o disco ‘Calango’ de 1994, segundo álbum de estúdio da banda, e que teve várias músicas tocando nas rádios, destaque alias pra regravação da clássica ‘É Proibido Fumar’ do Rei Roberto Carlos.

Eu me lembro quando tínhamos em casa a fita cassete desse álbum, o que me chamava a atenção de cara era a capa que continha um gorila e uma moça loira seminua. Vale lembrar que na década de 90 moças seminuas era algo bem comum na cultura tupiniquim, basta você caro leitor lembrar-se dos programas de auditório da época

A década de 90 tinha tudo pra ser dura para ritmos como o pop, o rock e o reggae, e o Skank flertava com todos eles. O sertanejo, o axé e até mesmo o pagode davam as cartas neste período e os representantes do rock dos anos 80 não vinham bem na nova década. Apesar desse cenário obscuro o Skank fez questão de se fazer presente e criar um dos maiores discos da década e se consolidar de vez na música brasileira.

Pra você cara leitor que conhece pouco sobre o Skank vou primeiramente citar alguns sucessos que fizeram parte desse disco: É Uma Partida de Futebol, Garota Nacional e Tão Seu. A primeira faixa do álbum ganhou de cara o público, já que falava de futebol, a grande paixão do brasileiro. O videoclipe é legal demais, mostra as fanáticas torcidas do Atlético/MG e do Cruzeiro em um clássico no Mineirão. Vale lembrar que nessa época existia um campeonato chamado Rockgol, criado pela MTV Brasil e que contava com a participação de cantores e bandas de nosso país. Aliás, foi desse campeonato que surgiu a música É Uma Partida de Futebol,  letra que conta com a parceria de sucesso: Nando Reis e Skank. Já as faixas Garota Nacional e Tão Seu são baladas bem charmosas que mostram mais ainda que os instrumentos de sopro dominariam o terceiro álbum de estúdio do Skank.

Outras faixas como Zé Trindade e Eu Disse a Ela também merecem destaque, já que as duas tem um swing diferente e fazem com que a primeira metade do disco seja bem agitada. Destaque também para a faixa Os Exilados, que pra mim é uma das mais bonitas do disco, e pode ser considerada como lado B. Aliás, o lado B desse disco é muito interessante, mesmo porque ele tem a mesma pegada do lado A, na minha visão ele não fica devendo nada ao lado A, faixas como Um Dia Qualquer, Los Pretos e Sul da América escancaram a vontade do quarteto mineiro fazer história com o que seria o maior disco de estúdio da banda.

Além das faixas, há dois pontos legais de serem citados: a afinação de Samuel Rosa e as linhas de baixo de Lelo Zaneti. Samuel se diferencia da maioria dos cantores da década de 90 por conta de sua voz jovial e imponente que contrasta com seu enorme talento a postos de uma guitarra (o mesmo já dividiu palco com o grande guitarrista mexicano Santana). Já Lelo é uma figura cômica em cima do palco, tem o dom de tocar baixo, dançar (de forma bem esquisita alias) e fazer backing vocal ao mesmo tempo, mais marcante que os instrumentos de sopro no disco ‘O Samba Poconé’, só suas linhas de baixo.

Posteriormente o Skank produziu três bons discos: Siderado (1998), Maquinarama (2000) e o Ao Vivo MTV (2001). Nessa época o Skank já tinha se consolidado no cenário nacional e também internacional, a banda não sentiu a virada da década e continuou colecionando hits. O que as músicas Jackie Tequila e Te Ver foram para a geração de 90, Vou Deixar e Dois Rios foram para a geração de 2000. O Skank continuava produzindo balanços e também baladas românticas, prova disso é o sucesso de Sutilmente e Ainda Gosto Dela (que conta com a participação de Negra Li), sucessos do álbum Estandarte (2008).

O álbum ‘O Sambá Poconé’ completou 20 anos em 2016 e foi relançado contando com mais dois discos que contém ensaios, remix, demos e também a faixa Minas com Bahia que o quarteto havia criado para Daniela Mercury na mesma época da produção do disco ‘O Samba Poconé’.

Ah, não poderia deixar de citar que em 2012 eu assisti a um show do Skank em Ribeirão Preto/SP,  confesso que foi um dos melhores shows da minha vida – se não o melhor. Foram quase duas horas de show, contando com um repertório sensacional e também com muita simpatia dos quarteto mineiro.

Bom galera, essa foi minha resenha sobre o terceiro álbum de estúdio do Skank, O Samba Poconé, eu espero que vocês tenham gostado, até a próxima o/

Essa matéria é dedicada à grande amiga Karolina Braccialli, grande fã do Skank e do projeto A História do Disco.
Faixas do Disco

1 –  É Uma Partida de Futebol

2 – Eu Disse A Ela

3 – Zé Trindade

4 – Garota Nacional

5 –  Tão Seu

6 – Sem Terra

7 – Os Exilados

8 – Um Dia Qualquer

9 – Los Pretos

10 – Sul da América

11 – Poconé

Leia matéria sobre os 20 anos do álbum O Samba Poconé.

Confira o videoclipe da faixa É Uma Partida de Futebol.

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Stone Temple Pilots – Core (1992)

Stone Temple Pilots – Core (1992)

Fala galera do blog A História do Disco! Aqui é o Denis Borges e hoje mais uma vez vou dissertar sobre um disco que gosto muito. Aliás, gosto muito do disco, da banda e de todos os seus outros discos. Na minha última resenha eu falei sobre o OK Computer, disco do Radiohead, que se tornou um clássico dos anos 90.

Para uma próxima resenha eu estava pensando em permanecer desse ou daquele lado do Atlântico – tudo depende de onde você caro leitor está localizado – a vontade era de falar de grandes discos compilados no velho continente, mais especificamente, discos britânicos. Depois de Seattle, a terra da rainha Elizabeth é o lugar do mundo que mais contém bandas que eu gosto. Depois da gravação do programa que leva o nome do blog (A História do Disco, que e é transmitido pela Planeta Verde na 104,9 FM), no qual homenageamos o lendário Chris Cornell, o cara que abriu as portas do mundo para o som de Seattle, e porque não dizer, que abriu as portas para a banda que falarei hoje também, eu pensei na banda referente a matéria de hoje. Aliás, o fato de soar como uma banda grunge nem sempre ajudou no reconhecimento dessa banda, e em 1991 tudo que soava parecido com Nirvana e Pearl Jam logo ganhava destaque, mas só aqueles que realmente tinham algum valor seguiram adiante. Esse é o caso do Stone Temple Pilots.

Ao contrário do que muitos pensavam à época, e que ainda pensam hoje em dia, O Stone Temple Pilots é uma banda vinda da Califórnia. Formada pelos irmãos Robert (baixo) e Dean DeLeo (guitarra) , Eric Kretz (bateria) e o saudoso e talentosíssimo Scott Weiland nos vocais.

Tudo começou quando Scott conheceu Robert em um show do Black Flag e desde então começaram a fazer um som juntos sem maiores pretensões. Com o tempo Eric Kretz começa a tocar com os caras junto com um guitarrista chamado Corey Hicock. Quando o negócio começa a ficar sério, Robert chama seu irmão Dean – um dos melhores guitarristas dos anos 90 – para entrar no lugar de Hicock. Estava formado o Stone Tem…Não pera! Estava formado o Might Joe Young. Tudo isso em 1990.

Já em 1991 com uma demo em mãos e fazendo shows pela região de San Diego, um empresário da Atlantic Records foi a um show dos caras e logo após fez uma proposta para a banda. Apesar de meio reticentes, os cara acabam fechando com a gravadora para lançar seu primeiro álbum. Como possuíam boa parte das músicas prontas, a produção do disco não demorou. O único entrave para o lançamento era o nome, pois é caro leitor, o nome Might Joe Young já era usado por um bluesman de 80 anos oriundo de Chicago. O grupo decidiu então mudar o nome para algo que caberia na sigla STP. Se você está pensando naquela marca de óleo que tem um adesivo de fundo vermelho com as letras brancas contornadas em azul, você acertou! Na década de 80 todo mundo tinha adesivo dessa marca de óleo colado no carro, e os caras do Stone Temple Pilots tiveram um lapso de marketing e aderiram a sigla. Eles pensaram em nomes como: Shirley Temple’s Pussy, Stinky Toilet Paper, ou ainda Stereo Temple Pirates, antes de optarem definitivamente por Stone Temple Pilots.

Problema do nome resolvido, então em setembro 1992 é lançado o Core, primeiro álbum de estúdio do Stone Temple Pilots. Aliás, Core é um daqueles primeiros discos que dificilmente a banda conseguiria fazer algo melhor, não por não ter tido sorte ou não ter capacidade, mas por sua qualidade musical, que alias nunca faltou à banda. Falo isso porque mesmo emplacando diversos singles e ganhando diversos prêmios com este primeiro álbum, o Stone Temple Pilots era sempre a banda que misturava Pearl Jam, Alice In Chains e alguma outra banda grunge. E como citei acima, toda banda boa de rock alternativo da época carregava esse estigma de ser influenciado pelo som de Seattle.

Mas vamos falar sobre o que importa, o disco! Ele começa com com a ótima faixa ‘Dead and Bloated’, que contém uma letra sombria e uma melodia pesada. O primeiro single e sucesso da banda foi a segunda faixa do disco, ‘Sex Type Thing’, porrada na orelha para embalar uma letra que fala de abuso de poder contras as mulheres, algo que com certeza ainda existe, infelizmente. A terceira faixa também foi um single deste álbum a estourar comercialmente, ‘Wicked Garden’ – outra pedrada. Até aqui citei três faixas que estão em qualquer coletânea da banda. A segunda música a tocar nas rádios foi a que consolidou, escancarou, que estabeleceu e que fez o mundo conhecer o Stone Temple Pilots, estou falando da faixa ‘Plush’. Essa é aquela música chiclete, com belos riffs , boa melodia e muita qualidade musical. Muitos comparam esse som ao do Pearl Jam, mas a verdade é que esse hino dos anos 90 comprova a imensa qualidade que o Stone Temple Pilots tem como banda.

O disco ainda tem a bela e calma canção ‘Creep’, outro sucesso da banda. Não poderia deixar de falar sobre ‘Crackerman’, gíria destinada a compradores de crack e heroína. E foi exatamente os vícios de Scott Weiland que fizeram com que o STP não fosse ainda maior. A maioria do tempo que a banda deveria ter passado em turnê ao longo da carreira foi utilizado por Scott na cadeia ou em rehabs.

Podemos dizer que quem comprou o primeiro álbum do STP pensando que a banda seria mais uma a surfar na onda de Nevermind e Ten teve uma grata surpresa ao perceber que a cada novo disco o Stone Temple Pilots trilhava seu próprio caminho com muita competência.

Gostaria aqui de citar o grande frontman que Scott Weiland foi, um cara carismático, extravagante e com uma qualidade vocal impressionante. A partir dos discos posteriores do STP vemos sua versatilidade nas mudanças de tom e  timbre, se distanciando cada vez mais de comparações com Eddie Vedder e Layne Staley. Sem dúvida alguma Dean DeLeo é ainda um dos melhores guitarristas que a safra de 90 produziu. Enfim, quando uma banda está pronta ela não precisa ser lançada na época certa, só precisa ser lançada.

Caros amigos, espero que vocês tenham gostado e que eu tenha despertado em vocês o interesse de conhecer o disco e a obra dessa grande banda da Califórnia. Nos vemos na próxima resenha, até mais!

Faixas do Disco

1 –  Dead & Bloated

2 – Sex Type Thing

3 – Wicked Garden

4 – No Memory 

5 –  Sin

6 – Naked Sunday

7 – Creep

8 – Piece of Pie

9 – Plush

10 – Wet My Bed

11 – Crackerman

12 – Where The River Goes

Ouça o álbum Core completo!

Assista o videoclipe da faixa Plush

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Rita Lee & Tutti-Frutti – Fruto Proibido (1975)

Rita Lee & Tutti-Frutti – Fruto Proibido (1975)

Olá amigos e amigas do blog A História do Disco, tudo bem com vocês? Espero que sim, hoje eu, Flávio Oliveira, me preparei para escrever sobre um disco que não só mudou a minha concepção sobre o rock n’ roll brasileiro, mas que também serviu de base para influenciar toda uma geração posterior aos anos 70 (a qual faria a cabeça de muita gente por sinal!) e que ainda continua sendo poderoso nos dias atuais. Hoje teremos o disco Fruto Proibido, de 1975, grande álbum solo da nossa Rainha do Rock, Rita Lee.

Antecedentes do Fruto Proibido

Antes de iniciarmos nossa resenha vale a pena apontar alguns dados interessantes sobre a nossa querida Rita Lee. Após sua conturbada saída dos Mutantes, Rita não sabia quais rumos tomaria sua carreira, por isso, após usa saída da banda e seu divórcio com o também integrante dos Mutantes, Arnaldo Baptista, Rita resolve voltar à casa dos pais para repensar alguns conceitos que tinha em mente. O motivo da saída da cantora (segundo alegação dos integrantes da banda) foi que ela não toca nenhum instrumento – o que é um equívoco dos grandes, pois Rita tocava muito bem violão, flauta e até Theremin (instrumento que podemos notar na canção ‘Dois mil e um’ do disco de 1969 dos Mutantes) – segunda a própria cantora, o restante da banda teve uma atitude machista e injusta ao optar pela saída dela do grupo. Outro fator que pesou na decisão é que o grupo estava incorporando uma estética em sua forma de compor e tocar, partindo para o rock progressivo. Rita ficou totalmente desnorteada com o fato e ela cita em sua autobiografia que se sentiu traída por seus companheiros de banda. Imaginem só como deve ter sido encarar essa pancada.

Mesmo em meio a esse momento conturbado, nossa querida Rita Lee tirou de letra e lançou o que podemos considerar como seu primeiro trabalho solo pós-mutantes – um adendo: antes mesmo de sair dos Mutantes, Rita gravou um disco solo, o Build Up (1970), que pode ser considerado como seu primeiro disco solo, o mesmo teve a contribuição de Arnaldo Baptista (seu marido na época); e também temos o disco que é considerado o seu último trabalho junto ao Mutantes depois do álbum ‘Os Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets’ (1972), que foi o disco ‘Hoje é o Dia do Resto de sua Vida’ que também foi lançado em 1972, que teve a banda toda, mas foi creditado apenas à cantora.

Após sair da banda, Rita iniciou um projeto bem interessante que fica como deixa para você caro leitor, que é o Cilibrinas do Éden (1973) gravado junto da guitarrista Lúcia Turnbull (que é muito foda). Esse disco seria o embrião, ou o laboratório para o projeto Tutti Frutti.

O grupo Tutti Frutti formou-se em meados dos anos 70 por músicos do bairro Pompéia, em São Paulo. O projeto contou com nomes de peso do cenário nacional, como: Luís Sérgio Carlini, Lúcia Turnbull e Franklin Paolillo. A banda serviu como apoio à Rita Lee e recebeu o nome Tutti Frutti por sugestão do escritor Antônio Bivar, que deu apoio à cantora nesse novo momento em sua carreira.

O disco que antecede ‘Fruto Proibido’ é o ‘Atrás do Porto tem Uma Cidade’ de 1974, disco que já mostra que o Tutti Frutti não estava para brincadeira. Rita Lee ao lado de sua banda, veio com toda a essência do rock n’ roll, e podia-se notar que muitas bandas estavam indo na contramão da essência do gênero, como por exemplo, Os Mutantes, tocando músicas extensas e melodias super complexas (basta ouvir o excelente trabalho da banda ‘Tudo Feito pelo Sol’ de 1974, que não deixa de ser um disco muito bom, porém, coném melodias complexas e um modo diferente de fazer rock n’ roll, isso tudo em decorrência do espírito do momento na cena musical), por isso Rita Lee teve um destaque no rock, pois ali ela mostrou como se faz o rock sem gracejos e de modo direito (a lá Punk Rock).

Fruto Proibido (1975)

O disco Fruto Proibido foi lançado em junho de 1975, gravado no estúdio Eldorado em São Paulo, durante o período de abril do mesmo ano.O álbum traz canções que fizeram grande sucesso nas rádios, tais como: Ovelha Negra (hit estrondoso), Esse Tal de Roque Enrow (uma parceria muito interessante com o escritor Paulo Coelho) e também a canção Luz del Fuego, que tem toda uma temática feminista por trás – fato inédito na música brasileira até então:

“Eu hoje represento a loucura
Mais o que você quiser
Tudo o que você vê sair da boca
De uma grande mulher
Porém louca! (…)”
 Destaque para a também canção feminista ‘Fruto Proibido’, que contém estes trechos:
“Não é nada disso, alguém fez confusão!
Vou dar um tempo, preciso distração.
Às vezes cansa minha beleza
Essa falta de emoção e sensação
Quem foi que disse que eu devo me cuidar?
Tem certas coisas que a gente não consegue controlar
Comer um fruto que é proibido,
Você não acha irresistível?
Nesse fruto está escondido o paraíso, o paraíso.
Eu sei que o fruto é proibido,
Mas eu caio em tentação
Acho que não (…)”
O disco trouxe energias que deixaram os ouvintes impressionados na época, afinal, uma mulher tocando em uma banda de rock, fazendo som muito melhor que homens e ainda com letras provocativas, em um tempo em que a mordaça fazia parte da repressão do regime ditatorial, e além de tudo o machismo era recorrente no rock. Todos os elementos embutidos pela nossa rainha Rita Lee neste disco mostraram sua genialidade, foi um tapa com luva de pelica na cara dos machistas!
Vale e muito citar a formação da banda na gravação deste álbum: Rita Lee (voz, violão e sintetizador), Luis Sérgio Carlini (guitarras, slide, violão, gaita e vocal), Lee Marcucci (baixo e cowbell), Franklin Paolillo (bateria e percussão) – eu tenho um autógrafo dele na caixa da minha bateria – Guilherme Bueno (piano e clavinete) e Rubens Nardo e Gilberto Nado nos vocais. Um ponto negativo do disco foi o fato de Lúcia Turnbull não participar da gravação do mesmo, a própria Rita Lee em sua autobiografia que alguns dos integrantes do Tutti Frutti não achavam legal ter uma mulher tocando guitarra e que rock tinha que ter “culhões”, mesmo com a coragem de Rita, o machismo era presente no cenário.
A recepção do disco na época foi maravilhosa, tendo vendagens estimadas em 150 mil cópias – número bem expressivo para um disco de rock no Brasil, por isso, foi recorde absoluto. O álbum Fruto Proibido é considerado por muitos jornalistas de revistas especializadas em música como o 16° melhor disco brasileiro (particularmente acho uma babaquice essas listas, acredito que cada disco tem uma porcentagem de contribuição, eu penso como o filósofo Sartre: contra absolutamente).
Espero que todos tenham curtido essa resenha e que desfrutem desse disco que é delicioso de se ouvir, sentir a essência do rock em seu momento de ouro e também espero que essa resenha sirva de prova que mulheres fazem sim rock n’ roll, rompendo assim, velhos preconceitos e deixando de lado essa mentalidade, que por sinal, é demodê.
Forte abraço pessoal e até a próxima!
Faixas do Disco


1 – Dançar Pra Não Dançar

2 – Agora Só Falta Você

3 – Cartão Postal

4 – Fruto Proibido

5 – Esse Tal de Roque Enrow

6 – O Toque

7 – Pirataria

8 – Luz Del Fuego

9 – Ovelha Negra

Ouça o álbum Fruto Proibido completo!

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The Outfield – Play Deep (1985)

The Outfield – Play Deep (1985)

Salve galera, depois de um longo período, eu, Bruno Machado estou de volta. Dessa vez eu resolvi escrever uma resenha sobre uma grande banda dos anos 80: The Outfield. Aí você meu caro leitor vai pensar: Poxa Brunão, mas eles só tem uma música famosa! É meu caro, é aí que você se engana, mesmo porque, o álbum ‘Play Deep’ foi um grande sucesso vendendo mais de 2 milhões de cópias nos EUA. Então se você acha que a banda tem apenas a música ‘Your Love’, você está completamente enganado, e eu irei provar isso através da matéria de hoje.

De início é importante citar que, ‘Play Deep’ foi o álbum de estréia do grupo britânico, que tinha como sua base um trio: Tony Lewis (baixo e voz), Alan Jackman (bateria) e John Spinks (guitarra). Aliás, Spinks era o grande compositor do trio e seus riffs se transformaram na identidade da banda, um som considerado rock mas que flertava bastante com o pop, uma fórmula muito interessante e que chama atenção até hoje de pessoas de diferentes idades.

Um ponto interessante de se destacar é que a banda é britânica, porém, conseguiu estabelecer seu público no EUA, como citado no primeiro parágrafo desta resenha. Eu mesmo achava que o grupo era americano, quando ouvi pela primeira vez. E fora os riffs de John Spinks, a voz aguda de Tony Lewis também se tornou um grande diferencial do trio.

O ano de 1985 foi muito bom para o pop, tanto que A-ha e Phill Colins também lançaram grandes discos neste ano, discos aliás que foram importantíssimos na carreira destes artistas. Com o crescimento do pop, e também com o rock dando as caras (destaque para Kiss, Aerosmith e Bon Jovi), o Outfield conseguiu ganhar as paradas de sucesso, com o seu grande single ‘Your Love’.

É uma grande injustiça lembrar do Outfield apenas pela faixa ‘Your Love’, neste primeiro disco da banda há várias outras músicas que fazem o álbum valer a pena, como: Say It Ins’t So, All The Love e Everytime You Cry. As suas primeiras se caracterizam como ótimas baladas,aliás, retratam bem a época em que foram gravadas. Já a faixa ‘Everytime You Cry’ é mais melódica, mais triste e conta com um dedilhado bem marcante.

É bem verdade que a sonoridade da banda lembra bastante o ‘Men At Work’ e também ‘The Police’. Dois grupos que se destacaram bastante na década de 80, ganhando fãs por onde passavam. Assim como nosso trio britânico, que conseguiu se consolidar rapidamente com seu primeiro álbum de estúdio, e quem deu a oportunidade para o grupo foi a gravadora Columbia.

Algumas bandas da época que estou citando nessa matéria, gostavam de produzir videoclipes para seus hits, o Outfield era um desses grupos, e pro álbum ‘Play Deep’ trabalhou videoclipes em três faixas: Your Love, Say It Ins’t So e All The Love. O clipe de ‘Your Love’ é muito bacana, pois rola uma interação entre a banda e uma moça, ela está desenhando a capa do disco ‘Play Deep’. A capa desse disco aliás é bem legal, com um rosto intrigante em meio a uma pintura em aquarela e um braço de guitarra.

Todos sabemos que é impossível falar do Outfield e não falar da música ‘Your Love’, mesmo porque, foi o grande hit da carreira do trio britânico, e vive na memória dos fãs até hoje. É o tipo de música que pode tocar a qualquer hora, em qualquer lugar, que nunca será rejeitada. E por conta desse grande hit, muita gente tem em mente que a banda só tem essa música, como eu havia citado no início dessa matéria.

Confesso que comecei a pesquisar mais sobre a carreira do Outfield a pouco mais de um ano, e tive uma grande surpresa ao perceber que a banda teve uma carreira longa e de certo modo consolidada. E isso tudo foi possível graças ao desempenho do primeiro álbum de estúdio, o ‘Play Deep’, que trouxe consigo várias canções de qualidade  e que tinham, por exemplo, potencial pra tocar em rádio. Músicas como ’61 Seconds’ e ‘I Don’t Need Her’ se encaixam nesse perfil, e engrandecem ainda mais o primeiro álbum de estúdio da banda.

Com o passar dos anos a banda se tornou uma fábrica de hits, sim meu caro leitor, e lançou várias músicas que vão te fazer pensar: Por quê eu não ouvia mais coisas do Outfield antes!? Já no segundo álbum de estúdio, ‘Bangin’, a faixa ‘Since You’ve Been Gone’ ganhou destaque, e posteriormente no álbum ‘Voices of Babylon’, temos mais uma grande música: The Night Ain’t Over. O fim dos anos 80 era o começo da ascensão da banda, e em 90 outro grande hit nasce: For You.

Infelizmente em 2014 John Spinks faleceu, e assim a banda cessou suas atividades, o guitarrista lutava há anos contra um câncer no fígado. Ele era um pilar no Outfield, grande compositor e  responsável pela criação das mais belas melodias que marcaram época nas performances do grupo.

Devo admitir que essa matéria além de ter o objetivo de mostrar a verdadeira identidade do Outfield, tem também o desejo de homenagear essa grande banda que não merece ser lembrada apenas por uma faixa, mas sim por um conjunto de grandes canções. Inclusive, fica aqui mais uma dica: ouçam a música California Sun.

Obrigado por terem lido mais uma matéria do blog A História do Disco, e até a próxima 🙂

Faixas do Disco

1 –  Say It Ins’t So

2 – Your Love

3 – I Don’t Need Her

4 – Everytime You Cry

5 –  61 Seconds

6 – Mystery Man

7 – All The Love

8 – Talk To Me

9 – Taking My Chances

10 – Nervous Alibi

Ouça o álbum Play Deep completo!

Leia matéria sobre a morte de John Spinks.

Confira o videoclipe do grande sucesso Your Love.